O uso de um monitoramento detalhado do cultivo de uva de mesa pode auxiliar o gerenciamento da produção no Vale do São Francisco, no Nordeste brasileiro. Uma pesquisa realizada pela Embrapa Semiárido mostra que a aplicação da chamada agricultura de precisão (AP) pode revelar diferentes situações em uma mesma área de produção, permitindo que seja realizado um manejo mais adequado.
A AP é uma forma de gerenciamento das atividades agrícolas que leva em consideração as variações que as plantas e o solo apresentam em diferentes partes da área de cultivo ao longo do ciclo de produção. Tais informações permitem ao agricultor decidir pela adoção de práticas mais apropriadas para situações específicas.
Na fazenda onde a pesquisa está sendo desenvolvida - localizada no Projeto de Irrigação Senador Nilo Coelho, em Petrolina (PE) -, percebeu-se que o solo, em uma determinada parte da área de produção, apresentava drenagem mais lenta, armazenando maior quantidade de água. Com o conhecimento desta situação, foi possível diminuir a irrigação no local, sem prejuízo para as plantas.
"Isso pode contribuir para reduzir o custo de produção, pois gera uma economia de água, diminui algumas horas de bombeamento do sistema de irrigação e, consequentemente, gera economia de energia elétrica", afirma o pesquisador da Embrapa Semiárido Luís Henrique Bassoi.
Além da medição da quantidade de água disponível no solo, são coletados ainda outros dados, como o teor de nitrogênio na folha, características de desenvolvimento das videiras e das bagas de uva e número de cachos por planta. Com essas informações, são gerados mapas que mostram as subáreas onde existe uma uniformidade quanto a determinada característica do solo ou da planta. Essas subáreas são chamadas de zonas homogêneas, e auxiliam o produtor ou técnico na tomada de decisão quanto à adoção de práticas agrícolas. "Pode haver inclusive a realização de um manejo diferenciado entre diferentes zonas homogêneas, como foi o caso da irrigação", explica o pesquisador.
Outro exemplo é a coleta de bagas para a avaliação do teor de açúcar e da acidez, que auxiliam na identificação do momento mais apropriado para a colheita dos cachos. Como existe uma relação entre o teor de nitrogênio na folha e essas características de qualidade da uva, as zonas homogêneas podem indicar plantas que provavelmente apresentem valores distintos dessas características. Assim, a coleta não é realizada de forma aleatória, mas levando em consideração as diferenças existentes na área.
Aplicação
De acordo com Bassoi, nesse sistema de produção de uva podem ser utilizados os mesmos dados e equipamentos já tradicionalmente aplicados na agricultura. "O diferencial está no procedimento de coleta e no tratamento das informações, que precisam ser mais detalhadas", afirma.
Para o pesquisador, essa quantidade maior de dados vai auxiliar em atividades futuras dentro do mesmo campo, podendo reduzir custos e otimizar a produção. "O desafio maior é mostrar esses procedimentos de maneira operacional para o produtor", avalia.
Além da uva de mesa do Vale do São Francisco, diversas outras culturas também vem sendo avaliadas no país com o uso da agricultura de precisão. Entre elas estão o milho, soja, arroz, trigo, algodão, pinus, videira, macieira, pessegueiro, pastagem e cana de açúcar. As pesquisas são desenvolvidas por diversas unidades da Embrapa, além de outras instituições que compõem a Rede Agricultura de Precisão.
FONTE
Embrapa Semiárido
Fernanda Birolo - Jornalista
Telefone: (87) 3862-1711
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