Técnica que multiplica in
vitro, a partir de tecido da folha, plantas de café arábica de
características favoráveis, como resistência ao bicho mineiro e à ferrugem, boa
qualidade de bebida e alta produtividade está disponível em publicação. Também
conhecida por clonagem, a técnica foi desenvolvida pela Embrapa Café e Fundação Procafé, instituições participantes do Consórcio Pesquisa Café, em parceria com o Centro
de Cooperação Internacional em Pesquisa para o Desenvolvimento Agronômico (Cirad) e
aEmbrapa Recursos Genéticos e
Biotecnologia. Para acessar a Circular Técnica Custo de Produção de Mudas Clonais
de Café Arábica Produzidas por Embriogênese Somática, clique aqui.
A publicação tem como autores os pesquisadores Carlos Henrique Siqueira de Carvalho, da Embrapa Café, Ana Carolina Ramia dos Santos Paiva, Elizani Quintino Silva e Aline Aparecida Custódio.
Clonagem e suas vantagens
Segundo o
pesquisador Carlos Henrique, um dos grandes benefícios dessa pesquisa é a
garantia de produção de mudas de alto valor agronômico, conferindo mais
competitividade ao café brasileiro no mercado nacional e internacional.
"Ao se
produzir cafeeiros resistentes a pragas e doenças, o uso de agroquímicos
diminui expressivamente, o que tem implicações positivas no equilíbrio do meio
ambiente e na saúde do consumidor. Em um contexto de valorização dos preços da
commodity e de aumento do consumo no Brasil e no exterior do produto, a
produção industrial de mudas de forma sustentável - econômico social e ambientalmente
- é promissora. Pode-se dizer que a produção de clones representa uma
ferramenta muito valiosa para o processo de melhoramento genético do café e
mantém o Brasil na vanguarda das pesquisas cafeeiras", completa.
Outra vantagem da
tecnologia de seleção de plantas matrizes de grande importância agronômica e
produção de mudas clonadas é a redução para um terço do tempo convencional no
processo de desenvolvimento de cultivares de café arábica, que por outras
técnicas, chega a atingir cerca de 30 anos para chegar ao campo. Segundo o
pesquisador, a técnica de reprodução por clonagem é considerada a mais adequada
alternativa para a multiplicação de plantas híbridas (cruzadas geneticamente)
em larga escala.
"Pela técnica
de melhoramento tradicional, de reprodução sexuada por sementes, a pesquisa
para produção de plantas de café de melhor qualidade requer muitos anos e, em
alguns casos, é difícil reunir em uma cultivar características de grande
interesse agronômico, tais como resistência a pragas e doenças, a variações
climáticas, boa qualidade da bebida e alta produtividade. Pela multiplicação
clonal, feita em laboratório, há a garantia total de que o cafeeiro reproduzido
tenha todas essas qualidades, pois é uma cópia fiel da planta mãe. Em um futuro
próximo, com a validação em larga escala, a multiplicação do material poderá
ser feita em empresas especializadas ou em cooperativas".
Processo de clonagem
A produção de mudas
clonais de café é realizada em laboratórios de cultura de tecidos projetados
para a produção em escala industrial, denominados de biofábricas. As mudas
clonadas de plantas de café são produzidas por meio do uso de biorreatores
desenvolvidos pelaEmbrapa Recursos
Genéticos e Biotecnologia, instituição
participante do Consórcio Pesquisa Café.
O biorreator
participa de uma etapa importante no processo de produção de mudas clonais
reduzindo o custo de produção e otimizando o processo. Segundo pesquisadores,
plantas obtidas por esse processo apresentam comportamento semelhante ao de
plantas oriundas de sementes, não havendo limitação para a sua utilização
comercial.
Parceiros
A Fundação
de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais(Fapemig), por demanda do Polo de Excelência do Café
(PEC/Café), é uma das instituições que apoiam financeiramente o projeto, além da Fundação de Apoio à
Tecnologia Cafeeira (Fundação Procafé), do Conselho
Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), por meio do Instituto Nacional
de Ciência e Tecnologia do Café (INCT-CAFÉ), Embrapa Recursos
Genéticos e Biotecnologia,Cirad e do Consórcio Pesquisa Café. A pesquisa também
conta com o apoio imprescindível de cooperativas e de produtores de regiões
produtoras.
Consórcio
O Consórcio Pesquisa Café congrega instituições de pesquisa, ensino e
extensão localizadas nas principais regiões produtoras do País. Seu modelo de
gestão incentiva a interação das instituições e a otimização de recursos
humanos, físicos, financeiros e materiais.
Foi criado por dez
instituições: Empresa Baiana de
Desenvolvimento Agrícola (EBDA), Empresa Brasileira
de Pesquisa Agropecuária(Embrapa), Empresa de Pesquisa
Agropecuária de Minas Gerais(Epamig), Instituto Agronômico (IAC), Instituto Agronômico do Paraná(Iapar), Instituto
Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), Empresa
de Pesquisa Agropecuária do Estado do Rio de Janeiro (Pesagro-Rio), Universidade Federal de Lavras (UFLA)
e Universidade Federal de Viçosa (UFV).
FONTE
Flávia Bessa -
Jornalista
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