Com o objetivo de permitir que produtores adotem cada vez mais processos tecnológicos que neutralizem as consequências dos gases de efeito estufa gerados pelas atividades agropecuárias, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) disponibilizou no Plano Agrícola e Pecuário deste ano um pouco mais de R$ 3 bilhões para o Programa de Agricultura de Baixo Carbono (ABC). E uma das iniciativas incentivadas pelo Programa é o Plantio Direto na Palha.
A técnica, considerada uma ferramenta da agricultura conservacionista, consiste na semeadura diretamente na palhada da cultura anterior, ou seja, sem revolver as camadas do solo com arados e grades. O revolvimento do solo ocorre apenas na cova ou sulco de semeadura ou plantio. Nesse sentido, é fundamental o uso de modelos de produção diversificados com rotação, consorciação ou sucessão de culturas, além de plantas de cobertura com adequada produção de palhada.
Nas condições do Cerrado, por conta das temperaturas elevadas e da radiação solar intensa, a taxa de decomposição dos restos vegetais é alta, tornando-se um desafio para o produtor manter a palha na superfície do solo. De acordo com a pesquisadora da Embrapa Cerrados, Arminda Moreira, como nessa região a estação seca é prolongada, torna-se necessária a utilização de cultivares precoces, para que se possa realizar uma safra seguida de safrinha em condições de sequeiro. Assim, além de aumentar a rentabilidade, a cobertura vegetal também é mantida por mais tempo e, por consequência, a cobertura de solo é favorecida, reduzindo processos de erosão eólica e hídrica.
Pesquisas têm sido conduzidas na Unidade com o intuito de identificar espécies vegetais capazes de sobreviver ao período seco, manter o solo coberto e ainda favorecer a ciclagem de nutrientes. Segundo a pesquisadora, tem se destacado as braquiárias, utilizadas com maior frequência em sistemas de integração lavoura-pecuária-floresta, e o feijão-bravo-do-ceará, leguminosa com potencial de uso em sistemas agrícolas.
Para entender
o Sistema Plantio Direto requer uma série de processos tecnológicos, que vão além do ato de semear sem revolver o solo. Para que esse sistema seja sustentável, é fundamental um bom manejo do solo associado às práticas conservacionistas de caráter mecânico, como cultivo em contorno e terraços, que visam não apenas o controle da erosão, mas, principalmente, a conservação da água, diminuindo seu escorrimento superficial e favorecendo sua infiltração no solo e abastecimento dos lençóis freáticos. Dessa forma, o Sistema Plantio Direto proporciona impactos positivos em atributos químicos, físicos e biológicos do solo, contribuindo para a redução dos processos de degradação do solo, da água e da atmosfera.
ABC
o Programa Agricultura de Baixo Carbono foi criado em 2010 pelo Governo Federal e concede benefícios e créditos para os agricultores que querem adotar técnicas agrícolas sustentáveis. A taxa de juros do Programa é a menor fixada para o crédito rural destinado à agricultura empresarial - 5,5% ao ano. O prazo de pagamento pode chegar a 15 anos. Além do Plantio Direto na Palha, o Programa ABC também incentiva iniciativas relacionadas a Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (iLPF), Fixação Biológica de Nitrogênio, recuperação de áreas degradadas, plantio de florestas e tratamento de resíduos animais.
Mais informações sobre o Programa ABC no www.agricultura.gov.br/abc
Redação:
Juliana Caldas (4861/14/90/DF)
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