segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Ferrugem asiática da soja demanda monitoramento das lavouras

Ferrugem asiática da soja demanda monitoramento das lavourasA chegada da temporada de chuvas frequentes no Mato Grosso do Sul que favorece o desenvolvimento da cultura da soja também traz consigo a necessidade de redobrar os cuidados com as lavouras, pois contribui para a reprodução do fungo responsável pela ferrugem asiática da soja.
Até o momento, ainda não existem registros da doença nessa safra de soja no Estado, mas o cenário é de alerta, pois quanto mais cedo o diagnóstico menor o risco de epidemia. A doença ocasiona a desfolha precoce, impedindo a formação dos grãos e contribuindo com a redução da produtividade. A ferrugem é causada pelo fungo Phakopsora pachyrhizi, que para se reproduzir necessita que as folhas da planta estejam molhadas.



O fungo Phakopsora pachyrhizi é biotrófico, ou seja, somente se reproduz e sobrevive em plantas vivas. “Ele não sobrevive no solo, nem em restos de
cultura. É, por isso, que o vazio sanitário funciona e contribui como uma das estratégias para o controle da doença”, explica o responsável pelo Laboratório de Fitopatologia da Embrapa Agropecuária Oeste, Alexandre Dinnys Roese.

Segundo ele, nessa etapa do ciclo produtivo das lavouras de soja chegou o momento de redobrar a vigilância e o monitoramento das lavouras como forma
de controlar a doença e evitar que se torne uma epidemia. “O diagnóstico precoce é fundamental para o sucesso e controle da doença, além de evitar
que se desenvolva uma epidemia”, enfatiza Alexandre.
O monitoramento deve ser feito de forma abragente, com maior atenção para as primeiras semeaduras e aos locais com maior acúmulo de umidade. Segundo ele, a ferrugem asiática se alastra muito rápido na lavoura e a aplicação de fungicida não pode atrasar, pois diminui a efeciência do controle e aumenta as possibilidades da ferrugem se alastrar rapidamente.

A doença é transmitida por meio de esporos que se espalham pelo ar, prejudicando todas as lavouras de uma determinada região muito rapidamente. Assim, o produtor precisa redobrar os cuidados de monitoramento e identificação da ferrugem ainda em seus estádios iniciais, pois essas são as estratégias essenciais para um controle eficiente. Essas
orientações são válidas também para variedades resistentes a ferrugem asiática.
Alexandre explica que o produtor deve fazer o monitoramento, no mínimo duas vezes por semana, colhendo várias folhas da parte de baixo das
plantas de soja e observando as folhas contra a luz para verificar se existem sinais de ferrugem. Segundo ele, esses sinais consistem em minúsculas pontuações mais escuras que o tecido sadio da planta, com coloração marrom na parte de cima das folhas, acompanhadas de saliências semelhantes a pequenas feridas ou bolhas na parte de baixo das folhas, que são as estruturas de reprodução do fungo.
O uso de uma lupa de 20 a 30 aumentos facilita a observação dos     primeiros sintomas. “Esse monitoramento qualificado não tem como ser feito passando de caminhonete pela lavoura. Ele exige dedicação e atenção. Agora é a hora de dar início a esse cuidado em todas as regiões produtoras do
grão”, destaca ele.
Se ainda persistirem dúvidas quanto aos sinais da doença, o produtor pode colocar as folhas, juntamente com um pedaço de papel ou algodão molhado,
dentro de um saco plástico transparente, soprar um pouco de ar e amarrar a boca do saco, fazendo um pequeno balão (câmara úmida). Deixá-lo fechado em
local fresco, à temperatura ambiente, durante 12 a 24 horas. Após esse período, ao observar as folhas novamente elas vão apresentar maior quantidade de bolhas ou pequenas feridas na parte de baixo das folhas, pois o fundo terá se reproduzido com maior intensidade.

A confirmação do diagnóstico pode ser realizada em laboratórios credenciados pelo Consórcio Antiferrugem, montados em universidades, instituições de pesquisa públicas e privadas, fundações de pesquisa e
cooperativas. Os endereços dos laboratórios, além de informações atualizadas sobre novos focos de ferrugem na safra podem ser obtidas no
site www.consorcioantiferrugem.net.“O Consórcio Antiferrugem caracteriza-se como uma importante fonte de informações para os produtores que podem saber onde a doença está ocorrendo e acompanhar sua evolução, inclusive servindo como aliado no planejamento do controle da doença em
sua propriedade”, explica o analista.

Alexandre destaca ainda que praticamente todas as regiões produtoras de soja deverão apresentar ferrugem asiática, em função da sua eficiente
forma de disseminação pelo vento. Caso seja detectada a presença da doença, o produtor deve providenciar seu controle, por meio da aplicação
de fungicida. A estratégia de controle a ser adotada (curativo ou preventivo) varia de acordo com o tamanho da lavoura, capacidade técnica e
operacional e condições climáticas. “É importante que o controle seja bem feito e orientado por profissionais qualificados, pois o fungicida nunca atinge 100% da lavoura e existem esporos que continuam a se espalhar pelo ar”, salienta.

Além do controle, segundo normativa estadual, o produtor precisa comunicar o Iagro sobre a ocorrência da ferrugem asiática em sua propriedade. Sugere-se ainda que os produtores comuniquem o Consórcio Antiferrugem, que mantém registros atualizados dos focos da doença durante a safra. Alexandre orienta ainda os produtores de soja a manter as atividades de
monitoramento, detecção e controle ao longo de todo o ciclo produtivo da cultura, como forma de evitar uma epidemia. “Os cuidados devem ser redobrados também no momento do florescimento, quando a doença tende a ter seu pico de disseminação”, conclui ele.

Christiane Congro Comas – Mtb-SC 00825/9 JP
Embrapa Agropecuária Oeste

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