Até o momento, ainda não existem registros da doença nessa safra de soja no Estado, mas o cenário é de alerta, pois quanto mais cedo o diagnóstico menor o risco de epidemia. A doença ocasiona a desfolha precoce, impedindo a formação dos grãos e contribuindo com a redução da produtividade. A ferrugem é causada pelo fungo Phakopsora pachyrhizi, que para se reproduzir necessita que as folhas da planta estejam molhadas.
O fungo Phakopsora pachyrhizi é biotrófico, ou seja, somente se reproduz e sobrevive em plantas vivas. “Ele não sobrevive no solo, nem em restos de
cultura. É, por isso, que o vazio sanitário funciona e contribui como uma das estratégias para o controle da doença”, explica o responsável pelo Laboratório de Fitopatologia da Embrapa Agropecuária Oeste, Alexandre Dinnys Roese.
Segundo ele, nessa etapa do ciclo produtivo das lavouras de soja chegou o momento de redobrar a vigilância e o monitoramento das lavouras como forma
de controlar a doença e evitar que se torne uma epidemia. “O diagnóstico precoce é fundamental para o sucesso e controle da doença, além de evitar
que se desenvolva uma epidemia”, enfatiza Alexandre.
O monitoramento deve ser feito de forma abragente, com maior atenção para as primeiras semeaduras e aos locais com maior acúmulo de umidade. Segundo ele, a ferrugem asiática se alastra muito rápido na lavoura e a aplicação de fungicida não pode atrasar, pois diminui a efeciência do controle e aumenta as possibilidades da ferrugem se alastrar rapidamente.
A doença é transmitida por meio de esporos que se espalham pelo ar, prejudicando todas as lavouras de uma determinada região muito rapidamente. Assim, o produtor precisa redobrar os cuidados de monitoramento e identificação da ferrugem ainda em seus estádios iniciais, pois essas são as estratégias essenciais para um controle eficiente. Essas
orientações são válidas também para variedades resistentes a ferrugem asiática.
Alexandre explica que o produtor deve fazer o monitoramento, no mínimo duas vezes por semana, colhendo várias folhas da parte de baixo das
plantas de soja e observando as folhas contra a luz para verificar se existem sinais de ferrugem. Segundo ele, esses sinais consistem em minúsculas pontuações mais escuras que o tecido sadio da planta, com coloração marrom na parte de cima das folhas, acompanhadas de saliências semelhantes a pequenas feridas ou bolhas na parte de baixo das folhas, que são as estruturas de reprodução do fungo.
O uso de uma lupa de 20 a 30 aumentos facilita a observação dos primeiros sintomas. “Esse monitoramento qualificado não tem como ser feito passando de caminhonete pela lavoura. Ele exige dedicação e atenção. Agora é a hora de dar início a esse cuidado em todas as regiões produtoras do
grão”, destaca ele.
Se ainda persistirem dúvidas quanto aos sinais da doença, o produtor pode colocar as folhas, juntamente com um pedaço de papel ou algodão molhado,
dentro de um saco plástico transparente, soprar um pouco de ar e amarrar a boca do saco, fazendo um pequeno balão (câmara úmida). Deixá-lo fechado em
local fresco, à temperatura ambiente, durante 12 a 24 horas. Após esse período, ao observar as folhas novamente elas vão apresentar maior quantidade de bolhas ou pequenas feridas na parte de baixo das folhas, pois o fundo terá se reproduzido com maior intensidade.
A confirmação do diagnóstico pode ser realizada em laboratórios credenciados pelo Consórcio Antiferrugem, montados em universidades, instituições de pesquisa públicas e privadas, fundações de pesquisa e
cooperativas. Os endereços dos laboratórios, além de informações atualizadas sobre novos focos de ferrugem na safra podem ser obtidas no
site www.consorcioantiferrugem.net.“O Consórcio Antiferrugem caracteriza-se como uma importante fonte de informações para os produtores que podem saber onde a doença está ocorrendo e acompanhar sua evolução, inclusive servindo como aliado no planejamento do controle da doença em
sua propriedade”, explica o analista.
Alexandre destaca ainda que praticamente todas as regiões produtoras de soja deverão apresentar ferrugem asiática, em função da sua eficiente
forma de disseminação pelo vento. Caso seja detectada a presença da doença, o produtor deve providenciar seu controle, por meio da aplicação
de fungicida. A estratégia de controle a ser adotada (curativo ou preventivo) varia de acordo com o tamanho da lavoura, capacidade técnica e
operacional e condições climáticas. “É importante que o controle seja bem feito e orientado por profissionais qualificados, pois o fungicida nunca atinge 100% da lavoura e existem esporos que continuam a se espalhar pelo ar”, salienta.
Além do controle, segundo normativa estadual, o produtor precisa comunicar o Iagro sobre a ocorrência da ferrugem asiática em sua propriedade. Sugere-se ainda que os produtores comuniquem o Consórcio Antiferrugem, que mantém registros atualizados dos focos da doença durante a safra. Alexandre orienta ainda os produtores de soja a manter as atividades de
monitoramento, detecção e controle ao longo de todo o ciclo produtivo da cultura, como forma de evitar uma epidemia. “Os cuidados devem ser redobrados também no momento do florescimento, quando a doença tende a ter seu pico de disseminação”, conclui ele.
Christiane Congro Comas – Mtb-SC 00825/9 JP
Embrapa Agropecuária Oeste
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