terça-feira, 29 de maio de 2012

Ferrugem-asiática-da-soja

ETIOLOGIA: 
Nomes comuns da doença
Ferrugem-asiática-da-soja
Agente causal
Phakopsora pachyrhizi Syd. & P. Syd
Biologia do patógeno
Este patógeno produz dois tipos de esporos, teliósporos e uredinósporos. Teliósporos são os esporos sexuais do patógeno e são produzidos em lesões mais antigas. Estes não parecem germinar em condições naturais e mesmo com o estágio telial não funcional, e portando com falta da reprodução sexual, ainda existe uma variabilidade considerável de P. pachyrhizi no que diz respeito à virulência. Assim, o estagio uredinal é o responsável pelas epidemias desta doença. Uredinósporos são ovóides a elipsóides, de coloração amarelo-amarronzadas, possuem uma superfície coberta por pequenos espinhos e medem de 18 por 34 a 15 por 24 µm. Teliósporos são unicelulares, de formato oblongos a elipsóide, de coloração marrom-amarelado e medindo de 6 por 12 a 15 por 26µm.


Importância da doença:
A ferrugem asiática da soja e uma das doenças de maior importância desta cultura na atualidade, pelo grande potencial perdas na produtividade. Originária da Ásia onde foi primeiramente identificada no Japão no início do século 20, ocorre em diversos países da Ásia e na Austrália. Na década de 1990 foi relatada pela primeira vez no contintente africano, sendo encontrada na América do Sul em 2001, infectando campos no Paraguai. No Brasil, a doença foi encontrada no final da safra de 2001e vem aumentando sua área de ocorrência a cada ano. Danos na produtividade na ordem de 30 a 80% já foram relatados, porém o volume dos danos depende de quando a doença se inicia e quão rápido ela progride. É atualmente um dos maiores problemas da cultura na região dos Cerrados Brasileiros, especialmente em Mato Grosso, onde têm sido necessárias excessivas pulverizações de fungicidas para controlar a doença. Já foram relatadas perdas consideráveis no Estado da Bahia, no ano de 2002. No sul do Brasil, epidemias severas têm sido esporádicas, porém vem sendo detectada cada vez mais cedo durante a safra. Em novembro de 2004, a ferrugem asiática foi encontrada infectando campos de soja nos Estados Unidos, o último grande país produtor de soja onde ainda não havia sido encontrada a doença.

Sintomatologia:
Os sintomas mais comuns surgem principalmente na face abaxial das folhas na forma de lesões de 2 a 5 mm de diâmetro, coloração marrom claro a escura e forma poligonal. Geralmente estes sintomas surgem inicialmente nas folhas mais baixas do dossel durante ou após a floração. Em cada lesão existem uma ou várias pústulas (urédias) de forma globosa que produzem um grande volume de uredinósporos que são liberados pelo ostíolo circular. Além das folhas, as lesões também podem ser encontradas nos pecíolos, vagens e ramos. Com o incremento da severidade da doença, ocorrem comumente desfolhas e maturação prematura das plantas atacadas. Lesões mais velhas podem se tornar escuras formando teliósporos eventualmente.

Sintoma morfológico: pústula
Ciclo da doença e epidemiologia:
A infecção se inicia quando uredinósporos germinam e produzem um tubo germinativo que cresce na superfície da folha até que se forma um apressório. Esta ferrugem é única por ter a habilidade de também penetrar diretamente através da epiderme, ao contrário das outras ferrugens que penetram através dos estômatos. Urédias podem se desenvolver de 5 a 8 dias após a infecção e os esporos do fungo podem ser produzidos por até 4 semanas. De uma infecção inicial, estima-se que uma primeira geração de pústulas pode manter a esporulação por até 15 semanas, mesmo sob condições de baixa umidade. Se as condições para re-infecção são esporádicas durante a estação, pode haver potencial de inóculo suficiente para restabelecer a epidemia. A ferrugem-asiática possui diversos hospedeiros alternativos  e assim há uma grande quantidade de fontes de inóculo. Os esporos são disseminados pelo vento, podendo viajar grandes distâncias. Por serem sensíveis à radiação ultravioleta, provavelmente estas viagens ocorrem em sistemas de tempestade aonde as nuvens protegem os esporos do sol (suspeita-se que a ferrugem-asiática foi introduzida nos EUA pelo furacão Ivan). O sucesso da infecção é dependente da disponibilidade de molhamento na superfície da folha. Pelo menos 6 horas de água livre parece ser necessária para promover a infeccção. O fungo pode infectar a planta em temperatura variando de 15 e 28°C, com ótimo de 22 a 24°C. Chuvas abundantes e freqüentes durante o desenvolvimento da doença têm sido associadas com epidemias mais severas. Após a infecção, as primeiros pústulas com uredinósporos maduros surgem em 7 a 8 dias e este curto ciclo de vida da doença significa que, sob condições favoráveis, epidemias de ferrugem-asiática podem progredir de baixos níveis de detecção para desfolhações dentro de um mês.

Práticas de manejo:
A principal medida de controle da ferrugem tem sido o controle químico. Fungicidas podem ser aplicados preventivamente, em áreas de maior risco para a doença como aquelas em que a ferrugem sempre ocorre de maneira agressiva. A recomendação é iniciar no florescimento com reaplicação em intervalos variando de 14 a 21 dias, dependendo das condições climáticas. O monitoramento da dispersão da doença tem sido uma importante ferramenta para alertar quanto ao risco da doença em determinadas regiões, especialmente nas regiões sul do Brasil e na Bahia, onde a doença tem aparecido esporadicamente. Para tal, usam-se parcelas armadilhas, que são plantadas de 15 a 20 dias antes do plantio normal. Se a doença for detectada na parcela, é indicativo da presença do inóculo na região e de que ocorreram condições favoráveis a infecção. A pesquisa tem mostrado que a doença pode ser controlada racionalmente quando aplicações são feitas logo após a detecção da doença em baixíssimos níveis, como até 1% de severidade.

Bibliografia consultada:
Existem atualmente diversas fontes na Internet sobre a doença.

http://www.cnpso.embrapa.br/alerta
No Brasil, a Embrapa soja possui o sistema de monitoramento da ferrugem na Internet.

http://www.sbrusa.net
Nos Estados Unidos, informações sobre a dispersão da doença são encontrados no site do USDA.

Autor(es):
Emerson Medeiros Del Ponte
Rubens Cherubini Alves












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