Novas regras aprovadas pela ABCZ restringe transferência de embriões a matrizes de raças 100% zebuínas
por Globo Rural On-line
Brasil é líder no mercado de transferência de embriões, com 37% de participação; Biotecnologia de reprodução é uma dos destaques da pecuária brasileira de corte e leite
A Sociedade Brasileira de Tecnologia de Embriões (SBTE), entidade que reúne os profissionais da área debiotecnologia da reprodução no País, fez um alerta para oprejuízo econômico e de avanço tecnológico que omercado de genética bovina de corte e leite terá como resultado das novas regras aprovadas pela ABCZ – Associação Brasileira de Criadores de Zebu, previstas para entrar em vigor em janeiro de 2014. As novas normas impõem medidas restritivas ao mercado de transferência de embriões.
Segundo a SBTE, a normativa da ABCZ será responsável por causar impacto negativo em todas as conquistas do processo biotecnológico, da transferência de embriões,fertilização in vitro, até clonagem e trangênese, além de implicar em "um significativo retrocesso na pecuária brasileira".
Estima-se que 1,1 milhão de transferências de embriões são realizadas no mundo, sendo o Brasil líder desse mercadocom 37% de participação. Nos últimos 11 anos, o Brasil cresceu sete vezes no volume de transferência de embriões. O grande benefício dessa biotecnologia é de utilizar embriões de vacas de alto valor genético em receptoras comunscom o objetivo de acelerar o processo de melhoramento, gerando aumento de produtividade e lucratividade para toda a cadeia de produção de carne e de leite. “Do ponto de vista do mercado de genética o efeito dessa medida será desastroso”, ressalta Pietro Sampaio Baruselli, presidente da SBTE e pesquisador da USP. Segundo a SBTE, a normativa da ABCZ será responsável por causar impacto negativo em todas as conquistas do processo biotecnológico, da transferência de embriões,fertilização in vitro, até clonagem e trangênese, além de implicar em "um significativo retrocesso na pecuária brasileira".
Segundo Baruselli a restrição de raças das receptoras é inócua porque estas fêmeas são apenas barriga de aluguel. “O indivíduo (embrião) transferido para o útero da receptora já está formado. Do ponto de vista econômico o criador terá enorme dificuldade para encontrar receptoras zebuínas devidamente registradas pela ABCZ e aptas para receberem um embrião. Acreditamos que seria muito mais importante a ABCZ reforçar os programas de melhoramento que selecionam doadoras elevado mérito genético que, após a multiplicação de seus descendentes pela técnica de transferência de embriões, formarão a base produtiva do nosso rebanho”.
Os resultados de 2012 sobre as transferências de embriões no Brasil ainda estão sendo apurados (dezembro está em fechamento) pela SBTE, mas calcula-se que a marca atual seja de 400.000 TE, um salto aproximado de 14% em relação a 2011. A SBTE estima que 75% do volume de TE feita no País seja na pecuária de corte e 25% na de leite. Desse total, 85% são de raças zebuínas e 15% de taurinas e mestiças.
Fomento
A partir de janeiro de 2014, todos os produtos provenientes da chamada produção in vitro (transferência de embriões, fecundação in vitro) só poderão ser registrados aqueles que forem transferidos para receptoras com genética 100% zebuína. A normativa, segundo o superintendente técnico da ABCZ, Luiz Antonio Josahkian, é uma das medidas defomento e preservação das raças zebuínas tanto do ponto de vista técnico quanto comercial.
"Tendo passado o impacto inicial da implantação dessa medida, no médio e longo prazo o retorno que a gente pode ter é grande, pelo fato que as fêmeas zebuínas têm maior vida útil e são mais adaptáveis. Isso quer dizer que, do ponto de vista da eficiência, o espaço demandado para uma receptora não zebuína poderia ser utilizado para manter duas receptoras zebuínas, porque estas ocupam menos espaço, consomem menos, têm um manejo sanitário menos trabalhoso", justifica Josahkian.
De acordo com o representante da ABCZ, a entidade discorda do argumento da SBTE sobre o retrocesso tecnológico com a medida, já que as raças zebuínas, que constituem cerca de 80% do rebanho brasileiro, oferecem amplo leque de matrizes aptas a serem receptoras de embriões de alta qualidade.
"A gente vai ter que desenvolver uma expertise para identificar, nessa imensa população, quem são as melhores candidatas a receptora. Concordamos que teremos que aprender esse caminho. E foi essa a ideia do conselho ao aprovar essa medida, de trazer para o primeiro plano essas matrizes com melhor competência no aspecto maternal. Seguramente elas existem. Assim, estaremos beneficiando as raças zebuínas, que é o nosso papel", destaca.
Fonte: Revista Globo Rural
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