sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Fixação Biológica de Nitrogênio é uma das tecnologias do Programa ABC

Clarissa Lima
Fixação Biológica de Nitrogênio é uma das tecnologias do Programa ABC Considerado o mais importante processo biológico do planeta, após a fotossíntese, a Fixação Biológica de Nitrogênio (FBN) é umas das tecnologias incentivadas pelo Programa Agricultura de Baixo Carbono (ABC). Trata-se da conversão (por meio de bactérias, denominadas rizóbios) do nitrogênio presente na atmosfera em formas que possam ser utilizadas pelas plantas.

Em termos de agricultura, a simbiose entre essas bactérias fixadoras de nitrogênio e as plantas leguminosas (como a soja, o feijão e a ervilha) é a mais importante. “No interior dos nódulos formados nas raízes das leguminosas (foto), os rizóbios produzem a enzima nitrogenase que incorpora o nitrogênio atmosférico em compostos orgânicos que são utilizados pelas plantas”, explica a pesquisadora da Embrapa Cerrados, Ieda Mendes.

No Brasil, por conta do processo de inoculação da soja, ou seja, da adição de rizóbios às sementes no momento da semeadura, não é necessário utilizar adubos nitrogenados nas lavouras. Isso representa uma economia anual para o país de cerca de R$ 15,5 bilhões. Mas, os benefícios da inoculação não se restringem aos aspectos econômicos. “Ao substituir o uso de adubos nitrogenados na cultura da soja, a fixação biológica de nitrogênio influencia de forma positiva a qualidade do solo por evitar problemas relacionados à poluição causada por estes adubos”, explica a pesquisadora.

Segundo ela, como a eficiência dos adubos nitrogenados industriais é considerada baixa (pelo menos metade do que o produtor aplica no solo é perdido por diferentes processos), esses resíduos acabam atingindo as águas de rios, lagos e aquíferos subterrâneos em níveis tóxicos aos peixes e ao homem. Outro processo que também acarreta perda do Nitrogênio aplicado ao solo é a desnitrificação, ou seja, a transformação do Nitrato (NO3), proveniente do fertilizante, em formas gasosas como o óxido nitroso (NO) e o óxido nítrico (N2O). Isso contribui para a redução da camada de ozônio agravando o efeito estufa.

Outra vantagem destacada pela pesquisadora de se adotar o uso de inoculantes, em substituição ao uso de adubos nitrogenados, é que o processo industrial que transforma o nitrogênio atmosférico em amônia (NH3) demanda por volta de seis barris de petróleo por tonelada de nitrogênio produzido. “Isso quer dizer que uma grande quantidade de gás carbônico é liberada para atmosfera no momento da produção do adubo nitrogenado”, explica.

Seleção de bactérias – o processo de fixação biológica de nitrogênio é conhecido desde o século XIX, e o papel das instituições brasileiras de pesquisa que atuam nessa área é selecionar bactérias de elevada eficiência fixadora que sejam adaptadas às condições tropicais. Juntamente com os trabalhos de melhoramento vegetal e manejo da fertilidade do solo, um dos fatores que impulsionou a expansão da soja na região do Cerrado foi o lançamento, em 1980, das estirpes de rizóbio SEMIA 5019 (29W) e SEMIA 587; e em 1993 das estirpes SEMIA 5080 (CPAC-7) e SEMIA 5079 (CPAC-15). “O sucesso da inoculação da soja brasileira é reconhecido nacional e internacionalmente”, afirma a pesquisadora.

Programa ABC – dos R$ 107 bilhões em crédito do Plano Agrícola e Pecuário 2011/2012, pouco mais de R$ 3 bilhões são destinados a agricultores que seguirem as diretrizes do Programa ABC, cujo objetivo é incentivar o uso de técnicas sustentáveis na agricultura visando à redução da emissão dos gases de efeito estufa. A meta do governo é incorporar essa tecnologia em pelo menos 5,5 milhões de hectares e, assim, reduzir a emissão de 10 milhões de toneladas de CO2 equivalentes.

O ABC foi criado em 2010 pelo Governo Federal e concede benefícios e créditos para os agricultores que querem adotar técnicas agrícolas sustentáveis. A taxa de juros é de 5,5% ao ano e o prazo de pagamento pode chegar a 15 anos. Além da Fixação Biológica de Nitrogênio, o Programa também incentiva iniciativas relacionadas à Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (iLPF), ao plantio direto na palha, recuperação de áreas degradadas, plantio de florestas e tratamento de resíduos animais.

Mais informações sobre:
Programa ABC no www.agricultura.gov.br/abc/

Juliana Caldas (4861/14/90/DF)
Embrapa Cerrados
juliana.caldas@cpac.embrapa.br
Contato: (61) 3388 9945

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