
Ferreira é responsável pelas pesquisas do projeto Genosoja, que pretende viabilizar o cultivo de soja em áreas com escassez de água, como as regiões do semiárido. O pesquisador demonstrou como pode ser possível, por meio da biotecnologia, a transferência dos genes do café tolerantes à seca para outras espécies cultivares, como o algodão, a cana de açúcar, o feijão, o arroz e a soja. Ele ressaltou que a previsão da disponibilidade de cinco anos para o mercado vale apenas para a soja, cujos estudos estão mais avançados.
Segundo o professor, a tolerância da soja à seca vai ampliar as fronteiras agrícolas e viabilizar terras não utilizadas, ou subutilizadas, por causa da falta dágua. "A soja poderá ser cultivada em outras regiões, além do Centro-Sul", afirmou.
De acordo com o pesquisador, em uma situação adversa, com redução de 50% da quantidade de água, a planta pode crescer sem prejuízo de suas qualidades funcionais, como se estivesse em condições normais. Para Ferreira, o gene tolerante à seca poderá ser inserido futuramente em qualquer espécie, como em hortaliças.
Histórico da pesquisa
Márcio Ferreira apresentou o projeto original que descobriu um gene tolerante à seca presente no café, protegendo a planta contra a falta dágua. O trabalho gerou o registro de uma patente pela UFRJ e pelaEmpresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), e a pesquisa agora está sendo utilizada para a obtenção de outras espécies cultivares tolerantes à seca a partir da manipulação genética.
Segundo o professor, a seca é um dos principais problemas que a agricultura enfrenta, podendo levar a uma redução de até 80% de sua produção em áreas não irrigadas. "Hoje, 70% de toda água utilizada pela humanidade é destinada para a agricultura, e 40% de todo o alimento obtido é dependente de irrigação. O aquecimento global irá desencadear eventos mais extremos de seca e a biotecnologia vegetal pode ser a solução para diminuir as perdas na agricultura", afirmou o pesquisador.
Benefícios
Para o presidente do Cedes, deputado Inocêncio Oliveira (PR-PE), a comercialização dessas espécies cultivares vai trazer mais rentabilidade para o agronegócio e para a agricultura familiar. "O fundamental dessa pesquisa é permitir que aquele agricultor do semiárido possa ficar no local onde vive, sem precisar migrar ou fugir para a cidade para viver em situação social precária", afirmou.
O parlamentar defendeu que o semiárido tenha acesso aos benefícios das espécies modificadas geneticamente o quanto antes. Oliveira disse que o Cedes dará continuidade aos estudos sobre a convivência do homem com a seca.
Cedes
O Centro de Estudos e Debates Estratégicos é um fórum de debates que subsidia a formulação de leis e auxilia os parlamentares no trato de matérias do processo legislativo, de interesse da Casa ou de suas comissões. Entre os últimos estudos desenvolvidos pelo Cedes estão: Minerais Estratégicos e Terras-Raras; Instrumentos de Gestão das Águas; Mobilidade Urbana; e Capital Empreendedor.
FONTE
Agência Câmara
Reportagem -- Luiz Gustavo Xavier
Edição -- Marcos Rossi
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