domingo, 4 de março de 2012

Aumenta o número de mulheres que procuram o curso de Agronomia

Algumas profissões são culturalmente definidas como “masculinas” ou “femininas”. Esse é o caso da Agronomia, marcada pela grande quantidade de homens que se interessam pe-la área e aderem ao curso. Entretanto, esse cenário já dá sinais de mudanças, com o aumento do número de mulheres cursando a graduação.
“Antigamente, existia um preconceito muito grande para com as garotas, principalmente com relação ao comportamento e aos serviços fisicamente pesados. Mas, com o advento da tecnologia, novas máquinas e áreas foram surgindo e a participação da mulher no curso só aumentou”, afirma João Galbiatti, coordenador da graduação em Agronomia do Centro Universitário de Arara-quara (Uniara).
Célia Correa Malvas, docente de Microbiologia, afirma que essa mudança começou há uns 15 anos. “As primeiras turmas só tinham duas ou três mulheres. Agora, essa situação já melhorou bastante. Elas ainda não chegam a compor metade das turmas, mas a quantidade está por volta dos 30% a 40% nos cursos em geral”, declara.
Célia afirma que hoje o mercado aceita muito bem a participação feminina, especialmente em algumas áreas, como a laboratorial e de pesquisas. “Nesses tipos de atividades, que exigem um trabalho mais minucioso e delicado, a predominância é das mulheres. Mas ainda estamos em ascensão, pois há poucas ocupando cargos de alta chefia”, aponta a professora.
Danila Maria Corassari, estudante do 2º ano do curso, acredita que o mercado oferece boas oportunidades e que a contratação de mulheres só tende a aumentar. “Fiquei sabendo de um caso em que deram preferência a uma mulher para uma vaga de coordenação de pulverização aérea. Acho que o mercado avalia pela capacidade da pessoa, e não pelo gênero”, afirma.
A estudante diz que a maioria das meninas aceita os trabalhos mais pesados tranquilamente, enquanto outras ainda têm certo receio. “Eu enfrento sem problemas. Não é porque faço Agronomia que vou deixar de ser mulher”, brinca.
Danila conta que os rapazes ainda acham engraçada a briga entre vaidade e as atividades rústicas. “Na minha primeira aula prática, precisamos fazer uma análise de solo, e então os meninos do meu grupo tiraram o maior sarro, falaram sobre o meu esmalte e chegaram até a fotografar a minha mão suja de terra. Eles brincam muito, mas sempre com respeito”, conta.
De acordo com Célia, o agronegócio está em franca expansão e oferece muitas oportunidades.
“A primeira ação para você fazer um curso é gostar. Se você está preparado, tem boa formação e gosta do que faz, chega lá e o seu salário acaba sendo a consequência do que você realiza. O sucesso independe de gênero”, diz a professora.
Comida saudável
Saúde e sustentabilidade. É isso o que as pessoas buscam quando compram os alimentos orgânicos, produzidos com técnicas que visam garantir a qualidade e, ao mesmo tempo, a preservação do meio ambiente. De acordo com João Galbiatti, coordenador do curso de Engenharia Agronômica da Uniara, os alimentos orgânicos são definidos pela ausência da utilização de agrotóxicos e de qualquer outro tipo de substância que pos-sa causar algum dano à saúde, como hormônios e outros produtos químicos.
O agrônomo explica também que este tipo de produção “tem como base o uso de estercos animais, rotação de culturas, adubação verde, compostagem e controle biológico de pragas e doenças, sem alterar a qualidade física, química e biológica do solo, por meio do uso de produtos sintéticos”. Segundo Galbiat-ti, os alimentos orgânicos oferecem algumas vantagens: são mais saudáveis e saborosos e, além disso, sua produção preserva o meio ambiente, evitando a contaminação do solo, da água e da vegetação, utilizando sistemas de responsabilidade social, principalmente na valorização da mão de obra.
“A única desvantagem é que são mais caros do que os convencionais, pois são produzidos em menor escala e com custos maiores, já que a transição do sistema de produção convencional para o orgânico faz com que os preços sejam elevados em relação aos demais, e seu ciclo rende 25% menos do que o tradicional, apresentando uma demora maior no processo de amadurecimento dos produtos”, afirma. Galbiatti ressalta que, nas lavouras orgânicas, o agricultor lança mão de substâncias à base de plantas medicinais e compostos naturais para a adubação do solo. Já na criação de animais, os insumos têm que respeitar a terapia branda, com a aplicação de homeopáticos ou produtos fitoterápicos.
“Os insumos utilizados para o cultivo de orgânicos apresentam preços mais baixos, mas há necessidade de uma maior quantidade de mão de obra em comparação ao sistema convencional.
A certificação é outro fator de encarecimento destes alimentos, já que existe um processo de rastreamento e controle acerca do modo de produção. A demanda por alimentos orgânicos também têm sido maior que a oferta, o que ocasiona um aumento dos preços dos produtos. Mas os benefícios à saúde compensam os preços”, ressalta.
Por Marcos Paulino

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