terça-feira, 28 de maio de 2013

Companhia de Saneamento de Minas Gerais transforma esgoto em fertilizante para agricultura

Especialistas afirmam que projeto apresenta vantagens econômicas e ambientais.

Copasa/Divulgação
Foto: Copasa/Divulgação
Resultados mostram que a utilização do esgoto, tanto na forma bruta quanto tratada, supriu a necessidade de nutrientes do algodão
A Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa), em parceria com a Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes), lançou um projeto de fertirrigação na agricultura, que utiliza efluentes tratados como fertilizantes. Segundo o analista máster de Saneamento, Anibal Oliveira Freire, e o gerente de Divisão de Operação de Montes Claros, Rômulo de Souza Lima, a ideia é comparar a eficácia do esgoto, como fertilizante, em relação à irrigação com água e adubação convencional (NPK).

– Temos vários módulos experimentais: um com o esgoto bruto, dois outros com o esgoto tratado, vindo diretamente da ETE, e outro com adubação convencional – esclarece Lima. 

Os especialistas explicam que, em 2012, foram feitos experimentos com banana prata anã, uma das culturas mais utilizadas na região, e com algodão. Os resultados iniciais da aplicação na produção de banana devem sair em julho. Em relação ao algodão, os dados já mostram que a utilização do esgoto, tanto na forma bruta quanto tratada, supriu a necessidade de nutrientes da planta.

De acordo com o mestre em Irrigação e Drenagem, Silvânio Rodrigues dos Santos, são utilizadas duas doses do esgoto tratado, correspondendo a 100% e 150% do recomendado em quantidade de potássio. O mesmo foi feito quanto ao esgoto bruto. 

Segundo ele, em termos de desenvolvimento e produtividade, o esgoto tratado, nas duas doses, atendeu à necessidade da planta, se comparado com a adubação convencional (mineral). Já o esgoto bruto atendeu à necessidade e ainda aumentou a produtividade em relação ao adubo tradicional. Porém, a única opção viável de fertilizante para aplicação agrícola irrestrita é com o esgoto tratado e desinfetado.

Para evitar que os nutrientes prejudiciais ao solo, como o sódio, impactem o meio ambiente, Santos explica que, em vez de utilizar o critério de irrigação, eles optaram pela fertirrigação – aplicação de fertilizantes por meio da água. 

– Nesse caso, atendemos à necessidade da cultura em termos de nutriente com o esgoto tratado e complementamos com água limpa. Em se tratando da bananicultura, cerca de 20 a 30 dias antes da colheita, suspendemos a aplicação de esgoto e mantemos a irrigação com água limpa. Depois, avaliaremos os frutos para ver se há contaminação por microorganismos – detalha.

Um dos benefícios diretos do projeto está ligado, inclusive, ao abastecimento da região. Na cidade de Janaúba, situada no semiárido mineiro, a medida pode virar uma alternativa para poupar o reservatório que abastece a cidade. 

– Se utilizarmos o esgoto para atender a exigência da cultura, podemos economizar a água da Barragem do Bico da Pedra. No caso da banana, por exemplo, se usarmos esgoto limitado a 150 quilogramas por hectare de sódio, ao final de um ano, teremos economizado 16% de água de boa qualidade, que poderá ser usada para outro fim. Também esperamos economizar 50% da dose de nitrogênio e 40% da dose de potássio. Em termos econômicos e ambientais é muito interessante. Além disso, o fato de o esgoto ser direcionado a outro local e não ao rio contribui para a manutenção da qualidade do curso d’água – destaca Silvânio dos Santos.

GOVERNO DO ESTADO DE MINAS GERAIS

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