Moradores de assentamento cultivam a planta para alimentar a família e os animais
por Globo Rural On-line.
Medidas irão ampliar a plantação de palma forregeira em assentamento Foto: Romulo Serpa - Ministério do Desenvolvimento Agrário
No interior do Ceará, sertão onde a seca castiga milhares de pessoas e animais, os moradores do Assentamento Logradouro II, do município de Canindé, encontraram uma alternativa para enfrentar os efeitos da estiagem. Lá eles cultivam a palma forrageira para alimentar a família e os animais.
Com o anúncio do Plano Safra Semiárido, na ultima quinta-feira (4 de julho), uma nova medida do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) vai alavancar a produção de palma. O Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) ganhou nova modalidade. Agora, agricultores familiares que tenham excedente de forragem animal (silagem ou palma forrageira) poderão vendê-lo por meio do PAA. E o limite de venda por agricultor foi ampliada para R$ 8 mil/ano.
O que tem facilitado, ainda mais, a produção de palma, que começou há um ano no Assentamento Logradouro II, é a utilização da retroescavadeira que o município recebeu do MDA, seja para escoamento da produção ou para abertura de cacimbas. A ação, que faz parte da segunda etapa do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC 2), integra o conjunto de ações planejadas pelo Governo Federal para combater os efeitos da seca e melhorar as condições de convivência com o Semiárido.
O agricultor Francisco Antônio Sebastião Neto, 33 anos, vive no assentamento há mais de 20. Ele conta que está ansioso para ver a máquina começar a trabalhar e melhorar a condição de vida de muita gente que mora na zona rural de Canindé. “Vai ser muito bom para gente. Juntando o trabalho da retro e a plantação de palma vamos diminuir muito os prejuízos da seca”, diz.
Receitas variadas
Suco, pastel, panqueca, salada e até sobremesas como mousse e sorvete podem ser produzidos, utilizando como matéria-prima o broto da palma forrageira. Iraci Amorim, técnica da Secretaria de Agricultura de Canindé, é quem ensina as receitas inovadoras para 38 famílias de Logradouro II. “A palma traz muitos benefícios para o consumo humano.
Ela é rica em dois nutrientes muito carentes na culinária nordestina. O ferro, que é bom para anemia, e a vitamina A, boa para a visão”, explica. Iraci comenta que no preparo da comida o que se usa da palma é a parte interior do broto, que é o filho da palma adulta. “Ele é cheio de espinhos, por isso tem que tirar a casca e usar só a parte de dentro. A casca pode servir de alimento para os animais, porque os espinhos não os machucam”, observa.
Máquinas irão ajudar a enfrentar a seca
Para o presidente da Associação dos Assentados do Imóvel Logradouro II, Raimundo André de Souza, 61 anos, as novidades agradam. “A máquina vai ser boa porque vai nos ajudar a escoar a produção e a abrir cacimbas. A palma a gente pensava que era só para alimentar os animais, mas descobrimos que não. Nós também podemos comer e, ainda por cima, fica gostoso, fica bom demais”, comemora.
Raimundo mora no assentamento há 25 anos e conta que já sofreu muito com a seca. Para ele aprender essa medida alternativa é uma alegria imensurável para toda comunidade. “A gente planta milho, feijão, mamona, melancia, cria uns animais, mas vem o período de seca e acaba com quase tudo. Tivemos que vender grande parte do nosso rebanho este ano, mas agora que estamos plantando a palma dá pra amenizar muito a situação”, atenta.
O secretário de Agricultura do município, Francisco Amâncio, afirma que a palma pode ajudar muitas comunidades sem condições de enfrentar os efeitos da seca. “A palma é resistente à seca e contribui com o desenvolvimento das regiões áridas e semiáridas. Ela pode ser usada na produção de medicamentos, conservação e recuperação de solos, cercas vivas e, agora estamos vendo que, também, na alimentação humana”, destaca.
Conforme o secretário, a máquina retroescavadeira vai ser um grande apoio na plantação de palma. “A secretaria doou mais de três mil raquetes de palma para comunidades de Canindé. Com a máquina poderemos ajudá-las a melhorar sua produção”, salienta.
Fonte:Revista Globo Rural
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