Por Herbes Araújo (Graduando em Engenharia Agrônomica da UESB)
Caros amigos o nosso leitor Djalma Neto nos solicitou uma
postagem, no qual abordássemos o tema degradação do solo ; espero o texto que esteja satisfatório tanto pra Djalma como pros demais leitores, no caso de duvidas,
criticas, sugestões e elogios clique aqui e entre em contato conosco.
O solo é um dos elementos naturais
mais importantes, uma vez que todos os seres vivos estão sobre ele. Todo
sustento humano é retirado desse recurso. Ao degradar-se, o solo perde sua
capacidade de produção. E mesmo com grandes quantidades de adubo, a capacidade
de produção não será a mesma de um solo não degradado. Isso pode ser ocasionado
por fatores químicos (perda de nutrientes, acidificação, salinização, etc),
físicos (perda de estrutura, diminuição de permeabilidade, etc) ou biológicos
(diminuição de matéria orgânica).
O que é degradação do solo?
O termo degradação do solo é meio amplo, mais
consiste em tudo aquilo que está relacionado com a destruição do solo, por
exemplo, a erosão, o empobrecimento do solo, a contaminação e a desertificação
é considerado um dos problemas mais graves decorrentes da degradação do solo.
O
solo perde sua capacidade de produção afetando a produção de alimentos, a contaminação
dos lençóis freáticos. Apesar da extrema importância que o solo
desempenha, o seu uso realizado de forma inadequada facilita o aparecimento de
vários problemas.
• Esgotamento dos solos: o crescente aumento das erosões é
resultado da forma equivocada de plantio desenvolvida por muitos agricultores
ao longo do território brasileiro, isso tem transformado grandes áreas
produtivas em solos inférteis;
• Lixiviação: termo usado para designar um processo
que ocorre quando as águas da chuva realizam uma espécie de “lavagem” do solo,
retirando um elevado percentual de nutrientes, tornando-o menos fértil. Em
decorrência desse fato, faz-se necessária a aplicação cada vez maior de
fertilizantes.
• Laterização: é um processo que acontece em lugares
nos quais predominam duas estações bem definidas (seca e chuvosa). Essa
característica favorece a concentração de hidróxido de ferro e alumínio no
solo. A concentração desses minerais forma a laterita, que torna difícil o
manejo do solo em virtude do surgimento de uma ferrugem por cima dele,
deixando-o mais duro.
Degradação biológica: redução do conteúdo de matéria
orgânica, declínio da biomassa de carbono, e a diminuição da atividade e
diversidade da fauna do solo são conseqüências da degradação biológica dos
solos. Devido às temperaturas elevadas do solo e do ar, a degradação biológica
é mais severa nos trópicos que nas zonas temperadas. A degradação biológica
pode ser causada também pelo uso indiscriminado de agroquímicos e poluentes do
solo.
Degradação química:
a depleção de nutrientes é a maior causa da degradação química. Além disto, a
excessiva lixiviação de cátions em solos com argilas de atividade baixa causa a
diminuição do pH do solo e a redução da saturação por bases. A degradação
química também é causada pelo aumento de alguns elementos tóxicos e
desequilíbrio dos elementos, que prejudicam o crescimento das plantas.
Existem vários fatores que iniciam vários dos
processos de degradação. Estes fatores podem ser naturais ou antropogênicos. Fatores naturais incluem o clima, a vegetação, material de origem,
relevo e hidrologia. Entre os fatores antropogênicos importantes encontramos a
população, o uso da terra, e o desenvolvimento de estradas, canais, e o
complexo industrial.
Compactação
A
habilidade das plantas para explorar o solo e obter nutrientes e água está relacionada
à estrutura das suas raízes. E a distribuição das raízes no perfil do solo está
relacionada às condições físicas e químicas do solo, que podem ser manipuladas
através do manejo. Porém quando o manejo do solo ocorre de forma inadequada
gera o problema da compactação. Para obter a condição ideal na camada superficial
do solo são usadas máquinas pesadas. E o tráfego desses veículos faz com que as
características químicas e principalmente as características físicas da camada
mais superficial do solo sejam alteradas devido à pressão As conseqüências
negativas desse processo de compactação do solo são: diminuição da troca
gasosa; limitação do movimento dos nutrientes no solo; diminuição da taxa de
infiltração de água; aumento da erosão hídrica.
Os
sintomas de solos compactados são a formação de poças nas depressões do
terreno; erosão hídrica com o impacto das gotas de chuva que podem levar à
formação de sulcos e voçorocas; necessidade de maior potência das máquinas para
preparar o solo; plantas com raízes superficiais e mal formadas; demora na
emergência das plântulas; padrão irregular de crescimento das plantas; e folhas
com coloração não característica.
Erosão
A erosão é a destruição do solo e seu deslocamento, pelo
movimento de agentes físicos (água da chuva, vento, gelo, ondas, gravidade). O
tipo mais comum de erosão, e mais diretamente associado à agricultura, é a erosão
hídrica causada pela água da chuva. A erosão, além de destruir a estrutura do
solo, também causa o assoreamento, que é o acúmulo de partículas do solo nos
leitos dos rios e lagos. Vamos compreender porque a agricultura extensiva pode
estar diretamente associada à erosão. A superfície dos solos usados na
agricultura era naturalmente coberta pela vegetação típica do local. Se, no
local, havia muita vegetação e de tipos variados, o impacto da chuva era
atenuado, porque a velocidade da água diminuía com os obstáculos (as diversas
estruturas das plantas que formavam degraus). Além disto, os variados tipos de
raízes davam sustentação mecânica ao terreno. O uso de técnicas agrícolas inadequadas,
que promovem o desflorestamento de áreas extensas para ser ocupadas por
plantações alteram as características da vegetação natural e podem interferir
nos fatores de absorção de água pelo solo. A agricultura extensiva e mal
planejada é, portanto, mais um fator de erosão hídrica. Outros fatores de
erosão hídrica são desmatamento para a extração de madeira, pecuária e a
urbanização. A primeira ação da chuva nos solos sem cobertura vegetal se dá
pelo impacto das gotas de chuva, que desagregam os torrões do solo e levam o
material mais fino para longe. A força do impacto das gotas de chuva também
diminui a porosidade do solo, o que é chamado de selagem. A selagem aumenta o
fluxo superficial da água e a erosão. A erosão pode ocorrer com o transporte
uniforme das partículas pelas águas pluviais ou com a formação de canais definidos,
que podem se tornar voçorocas. Mas as voçorocas também podem ser formadas
devido à ação das águas subterrâneas. É necessário considerar as
características físicas dos terrenos (tipo de solo, declive, hidrografia); o regime
de chuvas da região e a cobertura vegetal de modo a preservar os solos da
erosão hídrica.
Queimadas
As queimadas são uma técnica agrícola muito antiga e
muito usada para preparar o solo para agricultura. Normalmente é eficiente,
rápida e de baixo custo, quando comparada a outras técnicas agrícolas. No
entanto, as queimadas geram também muitos prejuízos e riscos. As queimadas intencionais
para fins agrícolas e as queimadas acidentais causadas por negligência são
muito prejudiciais ao ambiente. Sua recorrência devido à ação do ser humano
elimina extensas coberturas florestais, inclusive de reservas ambientais. As
queimadas tem conseqüências também para o próprio solo, uma vez que eliminam bactérias
e outros microrganismos que compõem a microfauna do solo.
Preservação dos
Solos
Até aqui vimos alguns problemas decorrentes do manejo
inadequado. Agora vamos conhecer algumas técnicas de preservação do solo que
visam preservar sua fertilidade, através do conhecimento dos processos físicos,
químicos e biológicos que ocorrem naturalmente nos solos.
Adubação verde
Adubação verde significa cultivar algumas plantas que
depois serão incorporadas ao solo, através da decomposição. Isso enriquece os solos
com os minerais que as plantas cultivadas necessitam para seu bom
desenvolvimento. A adubação verde evita ainda o desenvolvimento de ervas
daninhas. As plantas cultivadas para adubação verde são geralmente as leguminosas
e outras plantas associadas às bactérias fixadores de nitrogênio. As plantas
utilizadas na adubação verde evitam que as gotas de chuva caiam diretamente
sobre o solo. Com isso evitam a erosão e o lixiviamento. O lixiviamento
consiste na lavagem do solo pelas águas das chuvas de enxurradas, que levam os minerais
dissolvidos no solo para outros terrenos e para os rios, lagos e águas
subterrâneas. Portanto, o solo tratado com adubação verde fica mais rico em
nutrientes, especialmente em nitrogênio, menos suscetível à erosão, ao
lixiviamento e às pragas.
Reflorestamento
O reflorestamento consiste na plantação de árvores em
regiões que sofreram desmatamento e que correm risco de erosão. O eucalipto e o
pinheiro são árvores muito utilizadas no reflorestamento, pois firmam a terra
com suas raízes, que também absorvem parte da água. O reflorestamento traz
vários benefícios, tais como: filtram os sedimentos; protegem as beiras de rio;
aumentam a porosidade do solo devido à presença de raízes profundas e
volumosas; diminuem o escoamento superficial da água pelo solo; permitem a
criação de refúgios para a fauna; podem gerar fonte de energia, através da
lenha produzida. O reflorestamento pode ser feito em faixas, intercalando-se
com culturas anuais. Essa prática favorece a fertilidade natural do solo, que
fica rico em nutrientes, e também o protege de ação prejudicial de agentes
físicos, especialmente a água.
Plantação em curvas
de nível
Curva de nível é uma linha imaginária que une os pontos
de mesma altitude de uma região. O plantio em níveis cria obstáculos à descida
das águas de enxurradas, o que diminui a velocidade de arraste das partículas
do solo e aumenta a infiltração da água no terreno.
Rotação de culturas
A rotação de culturas é um planejamento de plantações
diversas. A distribuição no terreno ocorre em certa ordem e por determinado
tempo. É uma prática alternativa à monocultura (em que é plantado apenas um
tipo de vegetal) e ao sistema contínuo de sucessão (em que se alternam apenas dois
tipos de vegetais). As práticas de monocultura e de sistema contínuo de
sucessão são situações mais favoráveis para o desenvolvimento de doenças, pragas
e ervas daninhas. O sistema de rotação de culturas consiste em alterar
anualmente as espécies vegetais plantadas em uma mesma área agrícola. O
planejamento deve observar os propósitos comerciais e a recuperação do solo. A
seleção das espécies cultivadas deve se basear na diversidade botânica. Devem
ser escolhidas plantas com raízes e exigências nutricionais diferentes. São
muitas as vantagens da rotação de culturas: proporciona a produção
diversificada de alimentos; melhora as características físicas, químicas e
biológicas do solo; auxilia no controle de ervas daninhas, doenças e pragas;
repõe a matéria orgânica do solo; protege o solo da ação de agentes físicos de
intemperismo.
Consórcio de
culturas
Consórcio de cultura é o plantio de diversas espécies
vegetais ao mesmo tempo em um terreno. A diversidade diminui o risco de pragas
ou doenças e mantém o ambiente em maior equilíbrio, com características mais próximas
ao original. O consórcio inclui leguminosas e outras plantas que servem como adubo
verde, fertilizando o solo. Outros fatores como Integração da produção animal e
Agrofloresta
contribuem para uma melhor conservação dos solos.
Recuperação de solos O manejo sustentável
de recursos naturais envolve o conceito de “usar, melhorar e restaurar” a
capacidade produtiva e os processos de suporte da vida do solo, o mais básico
de todos os recursos naturais. O objetivo não é só minimizar a degradação do
solo, mas reverter às tendências através de medidas de recuperação do solo e
manejo de culturas. A qualidade do solo e a sua capacidade produtiva devem ser
incrementados além da preservação através de medidas de reconstrução do solo,
por exemplo, prevenindo a erosão do solo e melhorando a profundidade de
enraizamento do solo, “reabastecendo” o solo com nutrientes extraídos durante
as colheitas de culturas ou produção animal através do uso correto de adubos
minerais e orgânicos e práticas efetivas de ciclagem de nutrientes,
incrementando a atividade biológica da fauna do solo, e melhorando o conteúdo
de matéria orgânica do solo. O uso da terra e o sistema de manejo adotado deve
ser “restaurador ou recuperador do solo” ao invés de “esgotador do solo”,
“esgotador de fertilidade” e “degradador do solo”. Além disto, o solo não deve
ser utilizado como uma área para depósito de lixo tóxico. Apesar de o solo apresentar
uma resiliência intrínseca, existe um limite de abuso que o solo pode suportar.
Referências
http://www.cnpgc.embrapa.br/publicacoes/cot/COT62.html
www.epamig.br
www.portaldoagronegocio.com.br
http://hotsites.sct.embrapa.br/
www.iapar.br
velho tenho orgulho de ter oc como colega e amigo com toda sua simplicidade oc é um dos cara que mais joga duro do curso de agronomia da uesb parabéns...tudo de bom.
ResponderExcluirGrande Luan, muito obrigado cara, você também é uma grande pessoa, tenho a certeza de que será um excelente profissional. Estou esperando um texto seu pra publicar aqui, abraço.
ResponderExcluirParabéns pelo Blog! Gostei muito!
ResponderExcluirgostei
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