quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Degradação do solo

Por Herbes Araújo (Graduando em Engenharia Agrônomica da UESB)

Caros amigos o nosso leitor Djalma Neto nos solicitou uma postagem, no qual abordássemos o tema degradação do solo ; espero o texto que esteja satisfatório tanto pra Djalma como pros demais leitores, no caso de duvidas, criticas, sugestões e elogios clique aqui e entre em contato conosco.

O solo é um dos elementos naturais mais importantes, uma vez que todos os seres vivos estão sobre ele. Todo sustento humano é retirado desse recurso. Ao degradar-se, o solo perde sua capacidade de produção. E mesmo com grandes quantidades de adubo, a capacidade de produção não será a mesma de um solo não degradado. Isso pode ser ocasionado por fatores químicos (perda de nutrientes, acidificação, salinização, etc), físicos (perda de estrutura, diminuição de permeabilidade, etc) ou biológicos (diminuição de matéria orgânica).

O que é degradação do solo?

O termo degradação do solo é meio amplo, mais consiste em tudo aquilo que está relacionado com a destruição do solo, por exemplo, a erosão, o empobrecimento do solo, a contaminação e a desertificação é considerado um dos problemas mais graves decorrentes da degradação do solo.

Geralmente ocorre em áreas de monocultura, de desmatamento e áreas desérticas. A degradação do solo é um processo natural e importante para a formação dos relevos, quando é resultado do transporte do solo pela água, vento ou gelo. O problema ocorre quando há intervenção humana, com a destruição de florestas, o uso de agrotóxicos, uso agrícola intensivo, a expansão desordenada das cidades ou as poluições orgânicas e industriais, que levam a uma erosão mais severa.
O solo perde sua capacidade de produção afetando a produção de alimentos, a contaminação dos lençóis freáticos. Apesar da extrema importância que o solo desempenha, o seu uso realizado de forma inadequada facilita o aparecimento de vários problemas.

• Esgotamento dos solos: o crescente aumento das erosões é resultado da forma equivocada de plantio desenvolvida por muitos agricultores ao longo do território brasileiro, isso tem transformado grandes áreas produtivas em solos inférteis;

• Lixiviação: termo usado para designar um processo que ocorre quando as águas da chuva realizam uma espécie de “lavagem” do solo, retirando um elevado percentual de nutrientes, tornando-o menos fértil. Em decorrência desse fato, faz-se necessária a aplicação cada vez maior de fertilizantes.

• Laterização: é um processo que acontece em lugares nos quais predominam duas estações bem definidas (seca e chuvosa). Essa característica favorece a concentração de hidróxido de ferro e alumínio no solo. A concentração desses minerais forma a laterita, que torna difícil o manejo do solo em virtude do surgimento de uma ferrugem por cima dele, deixando-o mais duro.

Degradação biológica: redução do conteúdo de matéria orgânica, declínio da biomassa de carbono, e a diminuição da atividade e diversidade da fauna do solo são conseqüências da degradação biológica dos solos. Devido às temperaturas elevadas do solo e do ar, a degradação biológica é mais severa nos trópicos que nas zonas temperadas. A degradação biológica pode ser causada também pelo uso indiscriminado de agroquímicos e poluentes do solo.

Degradação química: a depleção de nutrientes é a maior causa da degradação química. Além disto, a excessiva lixiviação de cátions em solos com argilas de atividade baixa causa a diminuição do pH do solo e a redução da saturação por bases. A degradação química também é causada pelo aumento de alguns elementos tóxicos e desequilíbrio dos elementos, que prejudicam o crescimento das plantas.
Existem vários fatores que iniciam vários dos processos de degradação. Estes fatores podem ser naturais ou antropogênicos. Fatores naturais incluem o clima, a vegetação, material de origem, relevo e hidrologia. Entre os fatores antropogênicos importantes encontramos a população, o uso da terra, e o desenvolvimento de estradas, canais, e o complexo industrial.


Compactação

A habilidade das plantas para explorar o solo e obter nutrientes e água está relacionada à estrutura das suas raízes. E a distribuição das raízes no perfil do solo está relacionada às condições físicas e químicas do solo, que podem ser manipuladas através do manejo. Porém quando o manejo do solo ocorre de forma inadequada gera o problema da compactação. Para obter a condição ideal na camada superficial do solo são usadas máquinas pesadas. E o tráfego desses veículos faz com que as características químicas e principalmente as características físicas da camada mais superficial do solo sejam alteradas devido à pressão As conseqüências negativas desse processo de compactação do solo são: diminuição da troca gasosa; limitação do movimento dos nutrientes no solo; diminuição da taxa de infiltração de água; aumento da erosão hídrica.

Os sintomas de solos compactados são a formação de poças nas depressões do terreno; erosão hídrica com o impacto das gotas de chuva que podem levar à formação de sulcos e voçorocas; necessidade de maior potência das máquinas para preparar o solo; plantas com raízes superficiais e mal formadas; demora na emergência das plântulas; padrão irregular de crescimento das plantas; e folhas com coloração não característica.

Erosão
A erosão é a destruição do solo e seu deslocamento, pelo movimento de agentes físicos (água da chuva, vento, gelo, ondas, gravidade). O tipo mais comum de erosão, e mais diretamente associado à agricultura, é a erosão hídrica causada pela água da chuva. A erosão, além de destruir a estrutura do solo, também causa o assoreamento, que é o acúmulo de partículas do solo nos leitos dos rios e lagos. Vamos compreender porque a agricultura extensiva pode estar diretamente associada à erosão. A superfície dos solos usados na agricultura era naturalmente coberta pela vegetação típica do local. Se, no local, havia muita vegetação e de tipos variados, o impacto da chuva era atenuado, porque a velocidade da água diminuía com os obstáculos (as diversas estruturas das plantas que formavam degraus). Além disto, os variados tipos de raízes davam sustentação mecânica ao terreno. O uso de técnicas agrícolas inadequadas, que promovem o desflorestamento de áreas extensas para ser ocupadas por plantações alteram as características da vegetação natural e podem interferir nos fatores de absorção de água pelo solo. A agricultura extensiva e mal planejada é, portanto, mais um fator de erosão hídrica. Outros fatores de erosão hídrica são desmatamento para a extração de madeira, pecuária e a urbanização. A primeira ação da chuva nos solos sem cobertura vegetal se dá pelo impacto das gotas de chuva, que desagregam os torrões do solo e levam o material mais fino para longe. A força do impacto das gotas de chuva também diminui a porosidade do solo, o que é chamado de selagem. A selagem aumenta o fluxo superficial da água e a erosão. A erosão pode ocorrer com o transporte uniforme das partículas pelas águas pluviais ou com a formação de canais definidos, que podem se tornar voçorocas. Mas as voçorocas também podem ser formadas devido à ação das águas subterrâneas. É necessário considerar as características físicas dos terrenos (tipo de solo, declive, hidrografia); o regime de chuvas da região e a cobertura vegetal de modo a preservar os solos da erosão hídrica.

Queimadas
As queimadas são uma técnica agrícola muito antiga e muito usada para preparar o solo para agricultura. Normalmente é eficiente, rápida e de baixo custo, quando comparada a outras técnicas agrícolas. No entanto, as queimadas geram também muitos prejuízos e riscos. As queimadas intencionais para fins agrícolas e as queimadas acidentais causadas por negligência são muito prejudiciais ao ambiente. Sua recorrência devido à ação do ser humano elimina extensas coberturas florestais, inclusive de reservas ambientais. As queimadas tem conseqüências também para o próprio solo, uma vez que eliminam bactérias e outros microrganismos que compõem a microfauna do solo.

Preservação dos Solos
Até aqui vimos alguns problemas decorrentes do manejo inadequado. Agora vamos conhecer algumas técnicas de preservação do solo que visam preservar sua fertilidade, através do conhecimento dos processos físicos, químicos e biológicos que ocorrem naturalmente nos solos.

Adubação verde
Adubação verde significa cultivar algumas plantas que depois serão incorporadas ao solo, através da decomposição. Isso enriquece os solos com os minerais que as plantas cultivadas necessitam para seu bom desenvolvimento. A adubação verde evita ainda o desenvolvimento de ervas daninhas. As plantas cultivadas para adubação verde são geralmente as leguminosas e outras plantas associadas às bactérias fixadores de nitrogênio. As plantas utilizadas na adubação verde evitam que as gotas de chuva caiam diretamente sobre o solo. Com isso evitam a erosão e o lixiviamento. O lixiviamento consiste na lavagem do solo pelas águas das chuvas de enxurradas, que levam os minerais dissolvidos no solo para outros terrenos e para os rios, lagos e águas subterrâneas. Portanto, o solo tratado com adubação verde fica mais rico em nutrientes, especialmente em nitrogênio, menos suscetível à erosão, ao lixiviamento e às pragas.

Reflorestamento
O reflorestamento consiste na plantação de árvores em regiões que sofreram desmatamento e que correm risco de erosão. O eucalipto e o pinheiro são árvores muito utilizadas no reflorestamento, pois firmam a terra com suas raízes, que também absorvem parte da água. O reflorestamento traz vários benefícios, tais como: filtram os sedimentos; protegem as beiras de rio; aumentam a porosidade do solo devido à presença de raízes profundas e volumosas; diminuem o escoamento superficial da água pelo solo; permitem a criação de refúgios para a fauna; podem gerar fonte de energia, através da lenha produzida. O reflorestamento pode ser feito em faixas, intercalando-se com culturas anuais. Essa prática favorece a fertilidade natural do solo, que fica rico em nutrientes, e também o protege de ação prejudicial de agentes físicos, especialmente a água.

Plantação em curvas de nível
Curva de nível é uma linha imaginária que une os pontos de mesma altitude de uma região. O plantio em níveis cria obstáculos à descida das águas de enxurradas, o que diminui a velocidade de arraste das partículas do solo e aumenta a infiltração da água no terreno.

Rotação de culturas
A rotação de culturas é um planejamento de plantações diversas. A distribuição no terreno ocorre em certa ordem e por determinado tempo. É uma prática alternativa à monocultura (em que é plantado apenas um tipo de vegetal) e ao sistema contínuo de sucessão (em que se alternam apenas dois tipos de vegetais). As práticas de monocultura e de sistema contínuo de sucessão são situações mais favoráveis para o desenvolvimento de doenças, pragas e ervas daninhas. O sistema de rotação de culturas consiste em alterar anualmente as espécies vegetais plantadas em uma mesma área agrícola. O planejamento deve observar os propósitos comerciais e a recuperação do solo. A seleção das espécies cultivadas deve se basear na diversidade botânica. Devem ser escolhidas plantas com raízes e exigências nutricionais diferentes. São muitas as vantagens da rotação de culturas: proporciona a produção diversificada de alimentos; melhora as características físicas, químicas e biológicas do solo; auxilia no controle de ervas daninhas, doenças e pragas; repõe a matéria orgânica do solo; protege o solo da ação de agentes físicos de intemperismo.

Consórcio de culturas
Consórcio de cultura é o plantio de diversas espécies vegetais ao mesmo tempo em um terreno. A diversidade diminui o risco de pragas ou doenças e mantém o ambiente em maior equilíbrio, com características mais próximas ao original. O consórcio inclui leguminosas e outras plantas que servem como adubo verde, fertilizando o solo. Outros fatores como Integração da produção animal e  Agrofloresta contribuem para uma melhor conservação dos solos.
  
Recuperação de solos O manejo sustentável de recursos naturais envolve o conceito de “usar, melhorar e restaurar” a capacidade produtiva e os processos de suporte da vida do solo, o mais básico de todos os recursos naturais. O objetivo não é só minimizar a degradação do solo, mas reverter às tendências através de medidas de recuperação do solo e manejo de culturas. A qualidade do solo e a sua capacidade produtiva devem ser incrementados além da preservação através de medidas de reconstrução do solo, por exemplo, prevenindo a erosão do solo e melhorando a profundidade de enraizamento do solo, “reabastecendo” o solo com nutrientes extraídos durante as colheitas de culturas ou produção animal através do uso correto de adubos minerais e orgânicos e práticas efetivas de ciclagem de nutrientes, incrementando a atividade biológica da fauna do solo, e melhorando o conteúdo de matéria orgânica do solo. O uso da terra e o sistema de manejo adotado deve ser “restaurador ou recuperador do solo” ao invés de “esgotador do solo”, “esgotador de fertilidade” e “degradador do solo”. Além disto, o solo não deve ser utilizado como uma área para depósito de lixo tóxico. Apesar de o solo apresentar uma resiliência intrínseca, existe um limite de abuso que o solo pode suportar.

Referências
http://www.cnpgc.embrapa.br/publicacoes/cot/COT62.html
www.epamig.br
www.portaldoagronegocio.com.br
http://hotsites.sct.embrapa.br/
www.iapar.br

4 comentários:

  1. velho tenho orgulho de ter oc como colega e amigo com toda sua simplicidade oc é um dos cara que mais joga duro do curso de agronomia da uesb parabéns...tudo de bom.

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  2. Grande Luan, muito obrigado cara, você também é uma grande pessoa, tenho a certeza de que será um excelente profissional. Estou esperando um texto seu pra publicar aqui, abraço.

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