quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Agência europeia considera dois inseticidas neurotóxicos a humanos


A Autoridade Europeia de Segurança Alimentar (EFSA) considerou no dia 17 de dezembro de 2013 que dois inseticidas neonicotinoides - a acetamiprida e a imidacloprida -- podem ser neurotóxicos para os humanos e pediu uma redução do limite atual de exposição recomendado. De acordo com a agência de notícias France Presse, é a primeira vez que a EFSA estabelece uma relação entre a família dos neonicotinoides -- dos quais três foram proibidos na UE devido aos riscos para as abelhas -- e um risco ao "desenvolvimento do sistema nervoso humano", disse o departamento de imprensa da EFSA.

Estes inseticidas "podem afetar desfavoravelmente o desenvolvimento dos neurônios e das estruturas cerebrais associadas a funções como aprendizagem e memória", explicou a autoridade em um comunicado. A EFSA propôs que "alguns níveis recomendados de exposição aceitável sejam rebaixados" à espera de estudos complementares.

Investigações científicas publicados em periódicos como a Nature sugerem que os defensivos neonicotinoides provocam uma intoxicação nas abelhas, um fenômeno chamado de "distúrbio do colapso das colônias", quando os insetos não retornam às colmeias e morrem fora dela, após o corpo sofrer um "curto-circuito" devido à excessiva exposição aos componentes químicos.

No fim de abril de 2013, a UE votou por implantar uma moratória de dois anos, valendo a partir de julho, para este grupo químico de inseticidas. A decisão foi tomada mesmo com manifestações contrárias do setor agrícola, que alega não haver dados suficientes sobre o impacto destes produtos nas populações de abelhas.

Já os Estados Unidos, que também analisam o emprego desses compostos, divulgaram no começo de maio que quase um terço das abelhas de colônias morreu no último inverno (2012-2013) e, nos últimos seis anos, as taxas de mortalidade atingiram 30,5%. A exposição a inseticidas é uma das hipóteses avaliadas pelo Departamento de Agricultura do país.

Situação no Brasil

De acordo com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais (Ibama), apesar de preocupante, a situação do Brasil não é alarmante. Segundo o órgão federal, a possível relação do uso dos neonicotinoides (que tem origem na molécula de nicotina) com as mortes de abelhas começou ser discutida internacionalmente partir de 2008.

Há três anos o instituto investiga o impacto de inseticidas na apicultura nacional. Entre 2010 e 2012, identificou mais de cem casos de mortes em massa de abelhas pelo país e todas elas estariam relacionadas à pulverização de agrotóxicos.

Ainda de acordo com o Ibama, apesar de o Brasil utilizar os mesmos tipos de agrotóxicos empregados na Europa e nos EUA, a decisão de seguir o caminho da União Europeia, vetando de vez os produtos, causaria um impacto muito maior na agricultura brasileira.

Marcio Freitas, coordenador geral de avaliação de substâncias químicas do Ibama, disse que a Europa tem uma quantidade muito menor de insetos e, por isso, a percepção da redução ficou amplificada. 

FONTE

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