terça-feira, 19 de julho de 2011

Estoque de suco de laranja é o mais baixo em duas décadas

Nas sete primeiras semanas de consumo, estoque de passagem de safra é de 214 mil toneladas, mas indústrias devem começar reter mais suco com apoio do governo

por Globo Rural On-line
Lau Polinesio
 
Indústrias devem iniciar política de retenção de estoques para alavancar preço da commodity, mas volume é baixo
A Associação Nacional dos Exportadores de Sucos Cítricos, CitrusBR, divulgou nesta segunda-feira (18/07) que os estoques globais de suco de laranja brasileiro, no final do mês de junho, ou seja, ao final de sete semanas de consumo, eram de 214.369 mil toneladas (de FCOJ - Suco de Laranja Concentrado Congelado). Este, segundo a CitrusBR, é o nível mais baixo de estoques das últimas duas décadas.


Há três anos, no mesmo período, o nível de estoques globais de suco de laranja brasileiro era de 456 mil toneladas (em 20 semanas de consumo), 53% a mais que os números atuais. No ano passado, em 30 de junho, os estoques somaram 249 mil toneladas equivalentes a 11 semanas de consumo.

Somente nos últimos dois anos, os estoques globais de suco de laranja da indústria processadora caíram 47,25%, segundo levantamento da CitrusBR. Esta redução vem ocorrendo em função da
diminuição da produção da fruta. Apesar disso, a CitrusBR estima que a safra de laranja 2011/2012, levando-se em consideração a produção do cinturão citrícola paulista e do Triângulo Mineiro, deve ser de 387 milhões de caixas de 40,8 quilos, a maior desde o ano de 2004.

Com perspectivas de crescimento, o setor citrícola inicia um período de recuperação, tanto no campo (produção maior) e na indústria (preços em recuperação). Em junho, o governo federal anunciou a
liberação de R$ 300 milhões, através do Plano Agrícola da safra 2011/2012, para financiar a formação de estoques maiores de suco de laranja (cada uma das indústrias de suco poderão utilizar até R$ 80 milhões para aumentar seus estoques).
De acordo com o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Wagner Rossi, Cutrale e Citrovita devem tomar R$ 80 milhões cada uma e a Louis Dreyfus Commidities (LDC) deve tomar R$ 60 milhões. A meta, segundo Rossi, é reter 20% da produção para estoques, ou seja, de 1,2 milhão de toneladas previstas de suco de laranja concentrado produzidos, 240 mil toneladas de litros ficam retidos. As diretrizes do programa também incluem preço mínimo para a caixa de laranja de 40,8 quilos, R$ 10.

O anúncio do auxílio ao
setor citrícola nacional ocorreu no dia 17/06. Uma semana depois, os preços da commodity no mercado internacional começaram a reagir. No dia 24/06, os contratos futuros do suco de laranja FCOJ bateram recordes de quatro anos na Bolsa de Nova York (Ice Futures) e chegaram a 200 cents/libra-peso, algo em torno de US$ 2800 por tonelada. Esta reação, segundo analistas, também se deveu à ameaça climática que assombra os Estados Unidos. Brasil e a Flórida são os dois principais e maiores produtores de laranja do mundo e a ameaça de retirar a bebida em um período de estoques já baixos fez o mercado reagir rápido, em função das especulações.
A retenção dos estoques globais é uma medida comum utilizada pela indústria para segurar os preços da commodity, já que a pressão da oferta pela bebida poderia derrubar os valores.
Para efeito comparativo, informa também que os estoques globais de suco de laranja brasileiro no mesmo momento em anos anteriores eram de:

30/06/2008 : 456 mil tons, ou equivalente a 20 semanas de consumo
30/06/2009: 439 mil tons, ou equivalente a 18 semanas de consumo
30/06/2010: 249 mil tons, ou equivalente a 11 semanas de consumo

30/06/2011: 214 mil tons, ou equivalente a 7 semanas de consumo
(Dados fornecidos pela CitrusBR)

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