Donos de propriedades de diferentes tamanhos revelam suas estratégias para aumentar produtividade.
Fernanda da Costa
fernandadacosta@zerohora.com
Das pequenas às grandes propriedades, um único desejo une agricultores: produzir mais na mesma área cultivada. Para obter esse resultado, a tecnologia é o principal instrumento. E garante a colheita de efeitos proporcionais a sua aplicação.
Dirceu Olair Hoffstaedter, 63 anos, Luiz Carlos Schuster, 49 anos, e Ari Antônio Araldi, 60 anos, têm em comum a dedicação ao cultivo de grãos, sobretudo a soja, e a participação em feiras como a Expodireto – feira que será realizada de 4 a 8 de março em Não-Me-Toque –, onde buscam novidades para as lavouras. Cada um usa a tecnologia a seu próprio tempo.
No ano passado, quando a seca arrasou as lavouras gaúchas, a média do agricultor foi de 50 sacas por hectare, 92% maior do que a média estadual, de 26 sacas por hectare, conforme dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). O lucro com o aumento da produção permitiu a renovação da frota, com a compra de máquinas de alta tecnologia para aplicar conceitos da agricultura de precisão.
Os equipamentos mais antigos do produtor têm apenas cinco anos de uso. E ele já planeja uma nova aquisição:
— Meu próximo desejo é substituir o pulverizador por um autopropelido, para realizar o trabalho em menor tempo.
Schuster, de Não-Me-Toque, tem 50 hectares nos quais reveza soja e milho no verão e trigo, aveia e azevém no inverno. Aplica a agricultura de precisão em 20% da área, usa sementes melhoradas em laboratório e conta com dois tratores, de 65 cv e de 75 cv, uma plantadeira com seis linhas, um pulverizador e uma colheitadeira. Planeja chegar a 60 sacas de soja por hectare nesta safra.
— Eu invisto em tecnologia aos poucos, mas com as escolhas certas, conquisto bons resultados — conta o produtor.
O objetivo dele é aplicar agricultura de precisão em 100% da área.
Araldi é dono de uma propriedade de 25 hectares em Carazinho. Cultiva soja e milho no verão. Para o trabalho, conta com um trator fabricado em 1978, uma plantadeira de cinco linhas, um pulverizador e sementes melhoradas em laboratório. A colheita é feita com uma máquina terceirizada, o que diminui os ganhos com a produção. Em safras boas, chega produzir uma média de 45 sacas de soja por hectare. Para este ano, projeta 35 sacas do grão por hectare.
Apesar das boas oportunidades de financiamento, considera os altos custos para a manutenção da propriedade um empecilho para um ritmo mais acelerado da tecnologia.
— Participo de feiras e dias de campo de olho nos novos insumos. É o investimento que posso fazer no momento — assegura o produtor.
Cooperativas são aliadas na agricultura de precisão
Contar com o apoio das cooperativas ou formar associações de produtores são maneiras de tornar o uso da agricultura de precisão viável nas pequenas e médias propriedades, como a do produtor Luiz Carlos Schuster.
Foi com a parceria firmada com a Cotrijal, de Não-Me-Toque, cooperativa da qual é associado desde 1995, que o produtor conseguiu implementar a técnica na propriedade.
Um caminhão da cooperativa, equipado com GPS e computador, faz análises do solo e aplica apenas a quantidade de insumo necessária para cada parcela da lavoura.
— A prática corrige áreas onde a fertilidade é menor, com um custo abaixo do mercado — explica Schuster.
Segundo o professor do Departamento de Solos da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) Telmo Amado, no Estado, cerca de 15 cooperativas oferecem subsídios aos associados para implementação da tecnologia nas propriedades:
— Essas entidades adquirem os equipamentos destinados à agricultura de precisão e prestam o serviço aos associados que não têm condições de comprá-los.
Analisar o solo e aplicar os insumos de maneira racional são os principais objetivos da tecnologia, que contribui para o aumento da produtividade e reduz o impacto ambiental, segundo o professor Amado.
— Pesquisas feitas pela UFSM mostraram que é possível reduzir até 25% a quantidade de cal, por exemplo, usada na lavoura com o uso da agricultura de precisão — exemplifica.
Para o gerente de produção vegetal da Cotrijal, Gelson Lima, o aumento na produtividade e a economia obtida nos insumos — que muitas vezes têm preços dependentes da cotação do dólar, por depender de importações — fazem com que a atividade agrícola fique cada vez mais competitiva.
Fonte: Zero Hora
Fonte: Zero Hora
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