A escassez de água é uma realidade da biosfera, o que torna importante o
desenvolvimento de estratégias que aumente a eficiência de seu uso,
especialmente, nas lavouras de arroz irrigado. Uma vez que a demanda por arroz
é crescente devido ao contínuo aumento da população e a água está cada vez mais
escassa em nível mundial, se faz necessário produzir mais arroz com menos água.
No dia 22 de março, mundialmente comemorado pela presença da água no planeta -
em tempos modernos, um recurso esgotável - a Embrapa Clima
Temperado, em Pelotas (RS), contribui com estratégias para o seu
melhor aproveitamento.
As lavouras de arroz irrigado no Estado do Rio Grande do Sul, em especial em
quatro regiões distintas (Planície Costeira Externa, Campanha, Depressão
Central e Fronteira Oeste) têm apresentado um histórico de restrição hídrica
para a cultura, ocasionado pelo déficit de chuvas, como também, as condições
topográficas, que tem resultado na redução de acúmulo de água nos rios, arroios
e reservatórios naturais.
As estratégias estudadas pela unidade de pesquisa visam racionalizar o uso dos
recursos hídricos na orizicultura. As recomendações das cultivares BRS Atalanta, BRS Querência e
atualmente a BRS Pampa, recentemente lançada são indicadas para a obtenção de
maior eficiência no uso da água de irrigação por apresentarem ciclo menor.
Outra possibilidade é a adoção dos manejos de água intermitente e aeróbico como
opções de irrigação, quando comparados ao manejo convencional.
De acordo com o pesquisador José Alberto Petrini,
a cultivar superprecoce BRS Atalanta apresenta
redução entre 10 e 20 dias no período de irrigação em relação às cultivares de
ciclo precoce e médio. "Esta cultivar consegue, durante o período de
irrigação (65 dias), reduzir de volumes de água que variam de 720 a 1440
m³/ha", considerou. O comparativo se deu entre cultivares de ciclo médio e
precoce, não sendo observada diferenças nas produtividades.
"Quebramos com um paradigma de que as cultivares de ciclo mais curto,
seriam menos produtivas que as de ciclos mais longos", destaca pesquisador
da equipe do arroz, Ariano
Martins de Magalhães Júnior.
Outro detalhe, destacado por Petrini, é o volume e percentual de redução da
água utilizada durante o período de irrigação. As cultivares de ciclo médio,
como a BRS 7 Taim chegou a 12.000 m³/ha; a de ciclo precoce, a BRS Querência, com
10.590 m³/ha, enquanto, que a de ciclo superprecoce, a BRS Atalanta, alcançou
9.180m3/ha.
"Os experimentos nos mostraram que as cultivares de ciclo precoce
economizam 12% de volume da água, enquanto que as superprecoces, 23,5%",
explicou. O estado de emergência de maturação das plantas é que faz todo o
diferencial. Segundo os especialistas, a BRS Atalanta leva
100 dias para chegar a maturação, o que antecipa um mês em comparação as
demais, isto é, usa-se menos água para concluir seu ciclo produtivo.
Entre as estratégias de manejo para reduzir o uso da água na cultura, os
pesquisadores recomendam três alternativas: o sistema convencional, o
intermitente e o aeróbio.
O convencional, estabelece um nível da lâmina de água em 7,5 cm mantendo-a até
a fase de maturação dos grãos; o intermitente, usa a mesma marca de nível da
lâmina de água, 7,5cm, mas deixa secar naturalmente até a diferenciação da
panícula, e depois da segunda cobertura de nitrogênio, retorna-se a irrigação
até o final do ciclo. Quanto ao sistema aeróbio, mantém-se o solo sempre
encharcado durante todo o ciclo da cultura.
"Não existe um melhor sistema, mas temos possibilidades de direcionar
parte da lavoura com sistemas diferentes de irrigação e atender as diferentes
condições edafoclimáticas (solo e clima) de cada região", considerou
Ariano.
Entretanto, o sistema intermitente tem demonstrado potencial na eficiência do
uso da água, pois utiliza menor volume, menor intervalo de duração de dias de
irrigação e uma produtividade satisfatória. "É preciso não esquecer que
cada estratégia de irrigação deve ser adequada as características de cada
lavoura", destacou.
Outra contribuição da pesquisa da Embrapa Clima
Temperado é o desenvolvimento de tecnologias para produção de
arroz irrigado por aspersão, sob pivô linear. As produtividades de grãos,
obtidas neste sistema, têm-se mostrado comparáveis às de lavouras irrigadas por
inundação. Pesquisas iniciais sinalizam uma economia de água ao redor de 40 a
50%, cultivando arroz sob aspersão em comparação ao sistema irrigado por
inundação.
FONTE
Cristiane
Betemps -- Jornalista
Telefone: (53) 3275-8215
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