Para manter rebanhos bovinos em longos períodos de estiagem
é preciso se preparar com antecedência. De forma que os produtores possam
conviver melhor com o período, não compromoter a produção leiteira e evitar o
êxodo rural, algumas alternativas estão sendo adotadas. Produtores do Agreste e
do Cariri paraibanos estão utilizando técnicas eficazes de plantio e
alimentação, adotando o pastejo rotacionado, técnica que alimenta o gado sem
desmatar o meio ambiente. Em 2012, 171 municípios paraibanos decretaram estado
de emergência por conta da seca.
Com o apoio do Sebrae na Paraíba, o empreendedor rural tem recebido informações de como
continuar produzindo diante das dificuldades. Apesar de já ser bastante
difundida, a silagem (armazenamento de comida animal) ainda não é utilizada por
alguns donos de micro e pequenas propriedades. Por meio de parcerias e
informação, o produtor tem recebido apoio para ultrapassar o período de
estiagem.
No Sítio Catolé do Monte, na cidade de Caturité, no Cariri
paraibano, Francisco Tavares da Cruz Neto faz esforço dobrado para manter as 20
cabeças bovinas alimentadas. Com sete vacas leiteiras, ele conseguiu passar o
pior período da seca cultivando meio hectare de capim. "Já fizemos seis
cortes e até o momento está dando certo, desde maio do ano passado", disse.
O produtor consegue extrair 130 litros de leite, com duas ordenhas diárias.
Essa produção já é um pouco maior do que a de outro produtor,
Manoel Figueiredo Lopes Neto, que descobriu a técnica agroecológica do pastejo
rotacionado. No Sítio Malhada Grande, na cidade de Queimadas, Manoel possui o
dobro do rebanho de vacas em lactação e retira 120 litros de leite por dia.
"O que mais me motivou a continuar no trabalho foi esse pastejo
rotacionado. A gente economiza a área de alimentação do gado e é mais fácil de
trabalhar com capim", comenta.
Quem consegue um pouco mais que os dois produtores é o Sítio
Lagoa do Boi, na cidade de Barra de Santana. No local, Edivaldo Pereira de
Almeida possui 18 vacas que dão a ele 160 litros de leite diariamente. O
produtor está investindo apenas na palma, que tem colheita mais demorada, porém
mais eficiente e nutritiva. "Plantamos mais de um hectare de palma e estou
tentando mantê-lo com técnicas econômicas de irrigação, como o
gotejamento", explicou.
O Sebrae na Paraíba trabalha com 47 produtores e dois laticínios em
oito municípios do Agreste e Cariri. Os dez produtores da região de Barra de
Santana são os que apresentam os melhores resultados, com a incorporação de
tecnologias, como o pastejo rotacionado e a irrigação por gotejamento. Os
parceiros no desenvolvimento dessa área são a Cooperativa Agropecuária do
Cariri (Coapecal), que fabrica o leite Cariri, Banco do Nordeste, Laticínio
DLeite e Emater.
Técnica promissora
A produtora Érica Fernanda Cordeiro, da Fazenda Santa Ana, na
cidade de Barra da Santana, é uma das mais promissoras produtoras de leite do
Cariri. A empreendedora construiu um dos maiores pastos de palma da folha miúda
na Paraíba para alimentar seu rebanho de 80 vacas, que dão 1,2 mil litros de
leite por dia. "São cinco hectares de palma, que estão crescendo rápido
com técnicas de cultivo como a irrigação por gotejamento".
A proprietária da fazenda cultiva essa grande quantidade de
palma por orientação do Sebrae na Paraíba. Fernanda ainda possui na propriedade uma fábrica de
produtos lácteos, onde produz queijo de coalho. "Tudo que estou recebendo
de orientação das instituições parceiras, aplico na propriedade. Com essa
ajuda, conseguimos manter a terra sem vender o gado ou parar de produzir
leite", comenta.
Mais informações
Telefone: 0800 570 0800
FONTE
Valdívia Costa - Jornalista
Telefone: (83) 2108-1218
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