Método pode reduzir custos de restauração florestal em até 50%, apontam resultados
por Globo Rural On-line
Sistema de semeadura direta com adubação verde é mais barato e tão eficiente quanto o convencional
A semeadura direta de espécies de árvores e a adubação verde estão sendo usadas como estratégia de sombreamento para restaurar áreas degradadas. A técnica foi desenvolvida pela engenheira florestal Diana Carolina Castros, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/Usp) e está sendo aplicada em Áreas de Proteção Permanentes (APP) em duas usinas, a São Manoel e a São João, localizadas em São Manoel, região de Bauru (SP) e em Araras.
De acordo com a engenheira, a principal vantagem do método é a redução de custos na restauração. Diana explica que criou um ambiente sombreado com espécies de recobrimento no curto prazo e com longa duração para inibir o crescimento de espécies competidoras, principalmente as gramíneas africanas e potencializar o crescimento de espécies de diversidade.
Segundo ela, foi feita a semeadura direta das espécies de adubação verde, como o fedegoso e o feijão guandu, visando o rápido recobrimento inicial das áreas degradadas.
Para minimizar a presença de plantas daninhas na entrelinhas, um dos tratamentos foi testar o uso da semeadura direta de uma espécie de adubação verde de longevidade longa, que é a leucena. “Essa espécie, apesar da grande contribuição para a restauração em processos de recuperação de solo, é invasora e, por isso, seu desenvolvimento foi controlado para que ela não chegasse a florescer até o seu total sombreamento”, diz Diana.
De acordo com a sua pesquisa, Diana diz que foram obtidos no campo dados de diâmetro, altura, cobertura de copa, de gramínea, mortalidade, área basal e densidade final. Os resultados mostraram que não houve diferença estatística entre o plantio de restauração convencional e o uso de semeadura direta para recobrimento.
No entanto, conforme a engenheira, com o uso da semeadura direta, os custos de operações de plantio semi-mecanizado e de replantio foram reduzidos pela metade.
“O método consorciado de semeadura direta em covas de espécies de recobrimento e de adubação verde com o plantio de mudas de espécies de diversidade mostrou-se uma alternativa economicamente vantajosa, na medida que não aumentou o número de manutenções, reduziu o número de mudas de espécies de diversidade, além de baixar os custos das operações de plantio e replantio”.
O processo de restauração florestal de áreas degradadas enfrenta obstáculos referentes a sustentabilidade temporal das áreas restauradas, do uso adequado de espécies nativas regionais e principalmente de custos elevados desses projetos de restauração.
A pesquisa de Diana, realizada no Laboratório de Ecologia e Restauração Florestal (LERF) da Esalq, integra o projeto “Restauração Ecológica de Florestas Ciliares, de Florestas de Produção e de Fragmentos Florestais Degradados (em APP e RL), com Elevada Diversidade, com Base na Ecologia de Restauração de Ecossistemas de Referência”. O objetivo é desenvolver e testar metodologias para superar essas dificuldades. Financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), o projeto tem supervisão de Ricardo Ribeiro Rodrigues, coordenador do LERF, e agrega mais 30 pesquisadores.
Fonte: Revista Globo Rural
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