segunda-feira, 30 de maio de 2011

Congresso em São Paulo discute implantação de defensivos naturais na agricultura brasileira

Ampliação do mercado depende de pesquisas na área

João Henrique Bosco | Jaguariúna (SP)


Os defensivos naturais respondem atualmente por 1% do mercado do setor. As dificuldades e os benefícios do uso destes produtos foram discutidos, no Congresso de Defensivos Agrícolas, em Jaguariúna, interior de São Paulo.
Produtores que utilizam esse tipo de tecnologia afirmam que não se arrependem, mas reconhecem que os custos e mão-de-obra para manter a lavoura sem produtos químicos são maiores. Desde 1988, o produtor Romeu Leite não usa defensivos químicos na lavoura. Ele conta que, na época, a ideia era vista com desconfiança.

– A agricultura sem uso de agrotóxico não se falava e os poucos que falavam eram ridicularizados, não se achava que era possível produzir sem o uso destes insumos químicos – conta o agricultor.

Vinte e três anos depois, Romeu e outros três sócios colhem os resultados da ousadia. Na propriedade há 65 variedades de hortaliças e frutas são cultivadas sem qualquer tipo de defensivo químico, deixando que o controle biológico aconteça pela própria natureza.
– A tendência da natureza é sempre atingir o equilíbrio, então os insetos que vem comer as plantas atraem os predadores destes próprios insetos sem a necessidade de uma introdução artificial – explica Leite.
O agricultor também usa um modelo de produção vegetal e animal conjunta.
– Galinhas são criadas para produção de ovos e o esterco serve de base para o composto orgânico que vai fazer a fertilização do solo. E com este solo rico em bactérias e fungos acaba dando mais resistência para planta no combate a estes invasores.


O que os donos da fazenda já conseguiram ainda é um desafio na agricultura brasileira. A utilização de defensivos naturais está sendo discutida neste Congresso em Jaguariúna. Atualmente apenas 1% dos produtos no mercado é natural. Uma das dificuldades é o custo mais alto.
– Eles são tão efetivos quanto os fungicidas químicos, eles são descompostos no ambiente e outra grande vantagem, não deixam resíduos nos alimentos que vamos consumir – explica o pesquisador e professor da Universidade Federal de Viçosa, Luiz Antônio Maffa.


A ampliação do mercado depende basicamente da pesquisa. Em Jaguariúna a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) desenvolve trabalhos em parceria com empresas privadas.
– A pesquisa tem importância fundamental nisto, por isso os produtos começam na pesquisa. A primeira etapa é obtenção do princípio ativo do organismo para controle biológico e a seleção deste organismo. A partir de então o desenvolvimento do produto para chegar lá na ponta e poder ser usado no campo – diz o pesquisador e engenheiro agrônomo, Marcelo Boechat.


Este produto desenvolvido em laboratório é para combater o mofo branco que ataca lavouras de feijão, soja, algodão e hortaliças. Em um ano deve estar no mercado.
– É diferente do uso de um produto químico. Com o biológico o produtor tem que entender um pouco o que está fazendo. É um processo ecológico e o treinamento do produtor é importante, é mais demorado, muito mais eficiente do que o produto químico – declara Boechat.

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