Produção no estado deve atingir um milhão de toneladas da pluma
por Texto Sérgio de Oliveira | Fotos José Medeiros, em Lucas do Rio Verde (MT)
Clóvis Cortezia dessecou a soja para antecipar o plantio de milho em Lucas do Rio Verde (MT)
Em meados de dezembro passado, o agricultor Clóvis Cortezia, 44 anos, gaúcho de Santo Ângelo radicado em Lucas do Rio Verde (MT), olhou para o talhão de 500 hectares semeados com soja e decidiu: não valia a pena manter uma lavoura cujas plantas não tinham vigor para florescer, devido à falta de chuvas no início do ciclo de cultivo. Dessecou a soja e adiantou o plantio de algodão, cultura que há 12 anos ele utiliza para a segunda safra, semeada logo após a colheita da soja.
Foi o algodão dessa área, uma das primeiras a ser colhidas no estado, que encontramos em grandes rolos na lavoura, envoltos por material plástico, resultado de uma nova tecnologia embarcada nas três colhedeiras importadas no ano passado. O restante da área de 4.200 hectares da cultura, onde a soja foi cultivada sem grandes problemas na safra principal, estava se aproximando do ponto de colheita. Outros 1.300 hectares estavam plantados com milho de segunda safra. Cortezia faz parte de um time de cotonicultores experientes, calejados, para quem o mercado sorri como não fazia há tempos. Com preços batendo recordes históricos ao longo dos últimos meses, os agricultores mato-grossenses estão respondendo com uma safra também recorde; o estado, maior produtor nacional, ampliou a área plantada na safra 2010/2011 em 67% e sua produção deve atingir 1 milhão de toneladas de algodão em pluma, 77% a mais que na safra anterior.
Tamanho barulho não chega a abalar os fundamentos sobre os quais Cortezia estabeleceu seu negócio. Sem bola de cristal para adivinhar os rumos de um mercado que, segundo ele, é falso e que, nos últimos quatro anos, reservou apenas pauladas aos cotonicultores, Cortezia trava a venda ao longo do tempo, à medida que consegue alguma margem sobre os custos de produção. A colheita deste ano já está toda vendida. “Vinha travando a safra desde o início de 2010”, diz, “e peguei todo tipo de preço.” Embora a arroba de pluma estivesse por volta de R$ 73 em junho último, parte do algodão que ele estava colhendo foi vendido lá atrás por metade desse valor. “Já vendi 45% da próxima safra pelos preços de agora, mas nada me garante que ali na frente não tenha uma queda”, diz.
Tamanho barulho não chega a abalar os fundamentos sobre os quais Cortezia estabeleceu seu negócio. Sem bola de cristal para adivinhar os rumos de um mercado que, segundo ele, é falso e que, nos últimos quatro anos, reservou apenas pauladas aos cotonicultores, Cortezia trava a venda ao longo do tempo, à medida que consegue alguma margem sobre os custos de produção. A colheita deste ano já está toda vendida. “Vinha travando a safra desde o início de 2010”, diz, “e peguei todo tipo de preço.” Embora a arroba de pluma estivesse por volta de R$ 73 em junho último, parte do algodão que ele estava colhendo foi vendido lá atrás por metade desse valor. “Já vendi 45% da próxima safra pelos preços de agora, mas nada me garante que ali na frente não tenha uma queda”, diz.
Hoje, segundo ele, a situação da cotonicultura é confortável, mas alerta os marinheiros de primeira viagem para a volatilidade do mercado. “Quem se baseia apenas nos preços de hoje e investe sem ter experiência no negócio pode quebrar a cara”, adverte. “Os custos variáveis subiram muito, acompanhando o mercado, mas, quando cai o preço do produto, os insumos não caem na mesma proporção. É aí que o bicho pega.” Cortezia calcula que, neste ano, devido a um ataque severo de pragas e doenças que o obrigou a fazer até 17 aplicações de defensivos em alguns talhões, o custo de produção consuma o equivalente a 70-75 arrobas de pluma das 80-100 arrobas que espera colher, em média. Como o preço está bom, ele se diz satisfeito se sobrarem dez arrobas por hectare, o que, pelos números do Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea) de meados de junho, equivale a cerca de R$ 730 por hectare.
Cortezia, que lamenta ter estudado apenas até a sexta série e padecer para dominar todos os meandros da moderna agricultura, tem, no entanto, alguns pontos de que não abre mão. Investir sempre em tecnologia é um deles. Com as colhedeiras que comprou, por exemplo, além da praticidade dos rolões, espera reduzir de 3% para algo entre 1% e 2% as perdas na colheita. O produtor faz a conta: “Se conseguir mais duas arrobas de pluma por hectare, são R$ 140 a mais a preços de hoje; em 4.200 hectares, são mais de R$ 500 mil. Dá para ir pagando as máquinas só com esse aproveitamento, que ficaria na lavoura, perdido.”
Outra tecnologia que tem agradado Cortezia é a do algodão geneticamente modificado. Segundo ele, a limpeza da lavoura favorece a classificação da fibra e consequentemente seu valor. Mas o “pulo do gato” está sendo erguido às margens da rodovia que liga Lucas do Rio Verde a Tapurah. Ali, avista-se uma estrutura metálica gigantesca sendo erguida ao lado de grandes barracões já existentes. É a algodoeira de Cortezia, um investimento de R$ 18 milhões – financiados – destinado a agregar valor a sua produção. O algodão será processado e dali sairão, além dos fardos da pluma, óleo para biodiesel e farelo para ração animal. “Faremos o ciclo completo”, anima-se o agricultor.
A vedete do momento na cotonicultura - o plantio adensado, que neste ano ocupou 116 mil hectares dos 723 mil destinados ao algodão em Mato Grosso - ainda não está nos planos de Cortezia. Ele explica que teria de fazer investimentos em novas máquinas e adaptações que prefere deixar para depois, quando todo o novo complexo estiver a pleno vapor - e se os preços continuarem compensando. Mas, pela resposta que dá à pergunta se gostaria de ampliar a área, ir além dos 5.500 hectares atuais de lavoura, o adensado pode estar no horizonte: Cortezia diz que prefere investir em tecnologia e produtividade a ampliar a área de cultivo – justamente os argumentos utilizados pelos adeptos do plantio apertadinho.
Cortezia, que lamenta ter estudado apenas até a sexta série e padecer para dominar todos os meandros da moderna agricultura, tem, no entanto, alguns pontos de que não abre mão. Investir sempre em tecnologia é um deles. Com as colhedeiras que comprou, por exemplo, além da praticidade dos rolões, espera reduzir de 3% para algo entre 1% e 2% as perdas na colheita. O produtor faz a conta: “Se conseguir mais duas arrobas de pluma por hectare, são R$ 140 a mais a preços de hoje; em 4.200 hectares, são mais de R$ 500 mil. Dá para ir pagando as máquinas só com esse aproveitamento, que ficaria na lavoura, perdido.”
Outra tecnologia que tem agradado Cortezia é a do algodão geneticamente modificado. Segundo ele, a limpeza da lavoura favorece a classificação da fibra e consequentemente seu valor. Mas o “pulo do gato” está sendo erguido às margens da rodovia que liga Lucas do Rio Verde a Tapurah. Ali, avista-se uma estrutura metálica gigantesca sendo erguida ao lado de grandes barracões já existentes. É a algodoeira de Cortezia, um investimento de R$ 18 milhões – financiados – destinado a agregar valor a sua produção. O algodão será processado e dali sairão, além dos fardos da pluma, óleo para biodiesel e farelo para ração animal. “Faremos o ciclo completo”, anima-se o agricultor.
A vedete do momento na cotonicultura - o plantio adensado, que neste ano ocupou 116 mil hectares dos 723 mil destinados ao algodão em Mato Grosso - ainda não está nos planos de Cortezia. Ele explica que teria de fazer investimentos em novas máquinas e adaptações que prefere deixar para depois, quando todo o novo complexo estiver a pleno vapor - e se os preços continuarem compensando. Mas, pela resposta que dá à pergunta se gostaria de ampliar a área, ir além dos 5.500 hectares atuais de lavoura, o adensado pode estar no horizonte: Cortezia diz que prefere investir em tecnologia e produtividade a ampliar a área de cultivo – justamente os argumentos utilizados pelos adeptos do plantio apertadinho.
Segundo Rodrigo Bonato, gerente nacional de vendas da John Deere, esta máquina levou dez anos para ser construída e foi lançada em todos os mercados ao mesmo tempo. Ela tira do campo trator, prensa e transbordo e gera uma economia de tempo de 20%. Enquanto que com as máquinas convencionais é possível trabalhar 16 hectares por dia, com a nova colheitadeira são percorridos 28 hectares diários. O filme que envolve o rolo é feito com uma resina plástica de baixa densidade (o material é parecido com um saco de arroz). Cada bobina de resina faz 24 rolos de 2,5 mil quilos. “A proteção evita a contaminação do algodão pela terra e a perda de matéria, o que também reduz muito a incidência do bicudo no campo”, explica Bonato. Por aqui, já foram comercializadas 30 máquinas, enquanto que, nos EUA, 700 delas já foram vendidas desde o lançamento. O fabricante está confiante no crescimento do mercado brasileiro e estima a venda de 200 máquinas até 2012. |
Nenhum comentário:
Postar um comentário