No mundo todo, 3,2 bilhões de pessoas não têm acesso a modernas fontes de calor. Elas usam a fogueira para cozinhar e se aquecer, o que prejudica a saúde e o meio ambiente. Uma solução é a produção de biogás.
Em muitos países falta infraestrutura para fornecer energia aos habitantes de regiões remotas. Para quase metade da população mundial, a alternativa é queimar o que há à disposição, geralmente madeira. Isso não só afeta negativamente a saúde, como também consome grandes quantidades de combustível e libera altos níveis de dióxido de carbono na atmosfera.
Uma alternativa é a utilização da biomassa nas chamadas unidades domésticas de biogás. Atualmente, essas unidades oferecem energia renovável para áreas rurais no Nepal, onde as pessoas produzem metano através da fermentação de dejetos humanos e animais. A energia é utilizada para cozinhar, iluminar lâmpadas a gás e abastecer geradores.
Uma vantagem dessas unidades é que a energia é produzida no local onde é utilizada. Não são necessárias tubulações terrestres. A instalação da unidade é feita junto à casa, fácil de montar e usar, e funciona com o combustível fornecido naturalmente pelo lixo doméstico.
Biogás como ajuda ao desenvolvimento
Nos países em desenvolvimento, em regiões com pouca infraestrutura, as unidades domésticas de biogás são usadas primeiramente para suprir as necessidades imediatas da população rural.
"É um princípio eficiente", diz Andreas Michel, especialista em energia da Sociedade Alemã de Cooperação Técnica (GTZ). "O esterco diário produzido por duas ou três vacas é suficiente para gerar gás metano para cinco horas de iluminação ou energia para cozinhar", explica.
Nos últimos anos, a GTZ ajudou a financiar a instalação de centenas de unidades de biogás em países como Bolívia e Ruanda. Os países com o maior número de unidades de biogás são China, Botswana e Índia.
Também é possível instalar unidades maiores, que não só produzem energia excedente como também são capazes de abastecer um vilarejo inteiro. Para que o suprimento de biomassa seja garantido, elas são instaladas de preferência em fazendas. Porém, o benefício das unidades domésticas é mais significativo na hora de cozinhar e aquecer residências.
A cozinha passa a funcionar com o biogás, gerado com o lixo doméstico
Benefício ambiental versus impacto climático
O WWF cofinancia a instalação de 7.500 unidades domésticas de biogás no Nepal. A ONG estima que cada unidade economize cerca de 4,5 toneladas de lenha e evite a emissão de aproximadamente quatro toneladas de CO2 por ano.
De acordo com Andreas Michel, há um melhoramento na saúde da população, já que as partículas liberadas dentro da casa não são nocivas. Outro benefício é o chorume gerado durante a produção do biogás, que pode ser usado como fertilizante.
Outro aspecto crucial do projeto é assegurar que todo o gás metano gerado seja capturado e queimado. O metano é um gás de efeito estufa potente, 25 vezes mais nocivo do que o dióxido de carbono. "Por isso é importante prevenir vazamentos por onde o metano escape para a atmosfera", disse Martin Hofstetter, especialista em agricultura do Greenpeace.
Um dos problemas é que as unidades de biogás não podem ser colocadas em qualquer lugar. Nem todas as famílias possuem terra ou gado para gerar os resíduos orgânicos necessários para a transformação de energia. Sem falar no custo: de 300 a 1,2 mil dólares, dependendo da capacidade e do país.
Mas uma vez que a unidade de biogás é instalada, não há custos de manutenção. O biogás possibilita que pessoas em áreas remotas possam gerar a própria energia para melhorar suas vidas.
Autor: Po Keung Cheung (aks)
Revisão: Francis França
Fonte: Deutsche Welle
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