O nematoide pode causar perdas de até 80% à lavoura, mas é possível conviver com a praga e produzir bem
por Sérgio de Oliveira | Foto José Medeiros
Amarelão: a identificação mais comum é pela formação de reboleiras nas lavouras.
O plantio sequencial de soja e milho safrinha – ou soja e algodão – tem estimulado a proliferação de nematoides, considerados os piores inimigos dessas lavouras. Esses seres microscópicos e de nomes curiosos – nematoides das galhas (Meloidogyne incognita e M. javanica), nematoides dos cistos (Heterodera glycines) e nematoides das lesões radiculares (Pratylenchus brachyurus e P. zeae) – têm sido responsáveis por prejuízos calculados em até 30% da produção de soja, chegando, em casos graves, a mais de 80% de perdas.
O mais perigoso do bando nas últimas safras tem sido o P. brachyurus, que, além da soja, ataca também milho, algodão, milheto, sorgo, algumas braquiárias e até ervas daninhas. Sua cabeça está a prêmio nas principais instituições de pesquisa agrícola do país, mas, por ora, o único remédio para seu controle é a rotação de culturas com plantas que não sirvam de alimento ao vermezinho.
Nas condições de duas safras anuais, sem interrupção da oferta de alimentos, os nematoides aproveitam-se da mesa farta e das condições favoráveis de umidade e calor para se reproduzir e continuar fazendo estrago nas safras seguintes. De acordo com o pesquisador Mauro Junior Natalino da Costa, da Fundação Rio Verde, localizada em Lucas do Rio Verde (MT), os parasitos vivem no solo ou no interior de estruturas vegetais, como folhas, caules e, principalmente, raízes. Possuem estrutura similar a uma agulha de seringa, pela qual introduzem substâncias nas células, digerindo-as, e em seguida sugam o líquido resultante. Assim, danificam o sistema radicular das plantas, comprometendo a absorção de água e nutrientes.O mais perigoso do bando nas últimas safras tem sido o P. brachyurus, que, além da soja, ataca também milho, algodão, milheto, sorgo, algumas braquiárias e até ervas daninhas. Sua cabeça está a prêmio nas principais instituições de pesquisa agrícola do país, mas, por ora, o único remédio para seu controle é a rotação de culturas com plantas que não sirvam de alimento ao vermezinho.
A identificação mais comum dos nematoides das lesões é pela formação de reboleiras nas lavouras. Sua dispersão na propriedade é fruto, muitas vezes, da movimentação de máquinas e equipamentos, que carregam solos e raízescontaminados, ou da enxurrada, que distribui os ovos e os indivíduos presentes. A partir do momento em que determinada área está infestada, explica Costa, ao menos por dois anos, mesmo não havendo plantas hospedeiras, os nematoides podem manter-se em níveis razoáveis, na forma de ovos ou cistos (estes últimos podem sobreviver por até oito anos). “Essa habilidade de sobrevivência, inclusive na entressafra, torna o manejo muito mais difícil, mas é possível conviver com ele.”
A rotação com crotalária, planta usada como adubo verde, tem-se mostrado a opção mais eficiente no controle do parasita. Áreas “tratadas” com crotalária produzem de seis a oito sacas a mais de soja na safra seguinte. A dificuldade, muitas vezes, está em convencer o produtor a abrir mão de uma colheita comercial no ano para fazer a rotação num momento em que os preços das commodities agrícolas estão exuberantes. Mas não é melhor ganhar um pouco menos agora e garantir melhores safras adiante? O bom senso diz que sim.
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