sexta-feira, 23 de março de 2012

Leguminosas na Descontaminação de Solos Agrícolas

Sabemos que os herbicidas são amplamente utilizados na agricultura, e apresentam sérios riscos de contaminação para o solo e para água. Os resíduos tóxicos permanecem por longos anos, sem serem adsorvidos pelos coloides do solo, degradados, mineralizados e são lixiviados. Além disto, os herbicidas apresentam longo efeito residual, ocasionando fitotoxicidade para as culturas subsequentes à aplicação deles. O solo é um meio vivo, dinâmico. Não serve, somente, para segurar a planta. A rizosfera tem vida e as raízes, que a forma, têm a propriedade de mudar as características químicas do solo, próximo a ela, para liberação de secreções ácidas, açúcares, aminoácidos, etc. 


Os microorganismos têm, nesta região das raízes, suas atividades bem desenvolvidas. Embora digam que os agrotóxicos causam mal aos microorganismos do solo, eles têm a capacidade de resistir e proliferar, mesmo na presença de elevadas concentrações de defensivos químicos. A taxa de CO2 é usada para medir a evolução desta atividade: é o chamado índice de atividade. O crescimento da massa microbiana do solo e o metabolismo do carbono são usados, também, para fazerem esta medição. Pesquisas, com solo de rizosfera de leguminosas, mostraram maior concentração de CO2 na rizosfera tratada com tebuthiuron, quando foi cultivado com feijão-de-porco. Assim, esta leguminosa é uma espécie ideal para a fitorremediação daquele produto.
Como fonte de adubo verde, as leguminosas são bastante utilizadas, e a preferência recai pelo fato que elas são fixadoras do N do ar em grandes quantidades; possuem raízes compridas que ajudam na descompactação do solo; reciclam os nutrientes, isto é, trazem os nutrientes contidos nas camadas mais profundas para a camada superficial; aumentam os teores de matéria orgânica do solo; aumentam a atividade dos microorganismos; oferecem proteção contra os processos de erosão, reduzindo a lavagem das camadas de terra que contêm nutrientes, matéria orgânica e vida microbiana.
Pesquisadores da parceria Embrapa e Universidades de Espirito Santo, Viçosa, Jequitinhonha e Mucuri, descobriram que a mucuna-preta e o feijão-de-porco, duas leguminosas muito utilizadas na adubação verde, têm a propriedade de descontaminar os solos com resíduos de herbicidas.
Após a sua aplicação, os herbicidas continuam ativos no solo por muito tempo. O plantio ou semeadura de culturas sensíveis deve esperar, pelo menos, três anos para serem utilizadas em áreas onde foram aplicados herbicidas, por medidas de segurança.
Estas características da mucuna-preta e do feijão-de-porco são muito importantes, pois quanto mais tempo os resíduos de herbicidas ficarem no solo mais perigoso é a lixiviação deles para rios e lagos, ou outras fontes de água, causando sérios danos ao meio ambiente.
Os trabalhos de pesquisa mostram que as duas leguminosas, referidas acima, diminuem o período entre pós-aplicação do herbicida e a semeadura das culturas sensíveis. A utilização destas leguminosas proporciona, concomitantemente, os benefícios inerentes à adubação verde, no sentido de melhorar a fertilidade do solo mais a descontaminação de áreas agrícolas.
A prática de se utilizar plantas com a finalidade de descontaminação das áreas agrícolas, chama-se de "fitorremediação". Para o sucesso da fitorremediação, as plantas usadas devem ter tolerância aos contaminantes, capacidade de removê-los e extraí-los, e mineralizá-los no ambiente.

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