A prática da adubação nitrogenada, seja na semeadura ou em qualquer outra fase do desenvolvimento da soja, é desnecessária. O alerta é feito no período em que os produtores iniciam o cultivo da cultura por pesquisadores das equipes de Microbiologia da Embrapa Cerrados (Brasília, DF) e da Embrapa Soja (Londrina, PR), Unidades da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa.
Desde o início da expansão do cultivo da soja nas áreas de primeiro cultivo de Cerrado, na década de 70, houve o temor, por parte dos agricultores, de que somente a inoculação não fosse suficiente para suprir todo o nitrogênio necessário para se alcançar boas produtividades. As pesquisas realizadas na década de 80 demonstraram que, utilizando-se um inoculante de boa qualidade, a prática da adubação nitrogenada na semeadura da soja era totalmente desnecessária. Esses resultados foram confirmados na década de 90 quando a expansão do sistema de plantio direto voltou a gerar dúvidas com relação a possíveis problemas relacionados à imobilização do nitrogênio mineral do solo e/ou à competição inicial com ervas daninhas.
As pesquisadoras Ieda Mendes (Embrapa Cerrados) e Mariangela Hungria (Embrapa Soja) explicam que no final da década de 90 o lançamento de cultivares com teto elevado de produtividade e alguns resultados de pesquisa obtidos nos Estados Unidos, evidenciando resposta da soja inoculada à aplicação tardia de nitrogênio no pré-florescimento e no início do enchimento de grãos, voltaram a gerar dúvidas sobre a necessidade de adubar a soja brasileira com fertilizantes nitrogenados. Essas informações foram avaliadas de forma sistematizada pela pesquisa e novamente verificou-se a ausência de respostas da cultura da soja brasileira à adubação nitrogenada, desde que as boas práticas de inoculação fossem observadas.Desde o início da expansão do cultivo da soja nas áreas de primeiro cultivo de Cerrado, na década de 70, houve o temor, por parte dos agricultores, de que somente a inoculação não fosse suficiente para suprir todo o nitrogênio necessário para se alcançar boas produtividades. As pesquisas realizadas na década de 80 demonstraram que, utilizando-se um inoculante de boa qualidade, a prática da adubação nitrogenada na semeadura da soja era totalmente desnecessária. Esses resultados foram confirmados na década de 90 quando a expansão do sistema de plantio direto voltou a gerar dúvidas com relação a possíveis problemas relacionados à imobilização do nitrogênio mineral do solo e/ou à competição inicial com ervas daninhas.
Mais recentemente, a questão da necessidade de adubação suplementar com nitrogênio na cultura da soja voltou a ser objeto da atenção dos pesquisadores. O Comitê Estratégico Soja Brasil – CESB coordenou na safra 2012/2013 um protocolo de pesquisa visando avaliar a adubação nitrogenada (lanço e foliar) na fase de enchimento de grãos da soja (R5.3). Foram desenvolvidos 51 experimentos nas principais regiões produtoras de soja do País para avaliar efeito da suplementação com ureia (líquida e granulada) no estágio reprodutivo R5.3 sobre o rendimento da soja. Em 98% dos experimentos, foi avaliado a inviabilidade da aplicação de nitrogênio.
“No Brasil, graças ao processo de FBN (Fixação Biológica de Nitrogênio), a inoculação substitui totalmente a necessidade do uso de adubos nitrogenados nas lavouras de soja. O inoculante contém bactérias selecionadas do gênero Bradyrhizobium que, quando associadas às raízes de soja, conseguem converter o nitrogênio da atmosfera em compostos nitrogenados, que serão utilizados pela planta”, afirma Ieda de Mendes, pesquisadora da Embrapa Cerrados.
A substituição dos fertilizantes nitrogenados industriais pela inoculação da soja com bactérias proporciona uma grande economia. De acordo com os cálculos dos pesquisadores, o uso de apenas 20 kg de N/ha, na forma de uréia (equivalente a 42 kg desse adubo), na soja cultivada no Brasil resultaria em um custo adicional de cerca de R$ 62,50 por hectare, totalizando 1,7 bilhão de reais nos aproximadamente 30 milhões de hectares cultivados com soja em 2013.
Destaca-se também o benefício ambiental ao deixar de usar os adubos nitrogenados industrializados. Como cerca de 50% dos adubos nitrogenados aplicados ao solo são perdidos por processos como a lixiviação, desnitrificação e volatilização, esses fertilizantes causam a poluição de mananciais hídricos (rios, lagos, lençóis freáticos) e a redução da camada de ozônio que envolve o planeta, contribuindo consequente para o aquecimento global.
Foto: arquivo Embrapa
Inoculação
O agricultor precisa seguir algumas recomendações ao fazer o processo de inoculação da soja. Toda a operação deve ser feita à sombra ou nas horas mais frescas do dia (pela manhã ou à noite), conforme as indicações de dosagem e aplicação fornecidas pelo fabricante do inoculante.
Em solos de primeiro ano de plantio a dose recomendada é o dobro da dose normal. Quando o inoculante é turfoso verifica-se que as sementes bem inoculadas ficam recobertas por uma camada fina e uniforme de inoculante. Após a inoculação, as sementes devem ser secas à sombra e semeadas em no máximo em 24 horas, desde que fiquem protegidas do sol e umidade. Caso isso não seja possível, deve-se repetir a inoculação no dia do plantio.
Também é muito importante que o produtor atente para o fato de que o inoculante não pode ser misturado com os fungicidas e micronutrientes, pois os mesmos são, em maior ou menor grau, tóxicos para as bactérias. Primeiro deve-se fazer o tratamento de sementes com fungicidas e micronutrientes e só depois fazer a inoculação. No caso de sementes tratadas com fungicidas e inoculadas, a semeadura deve ser efetuada em no máximo 12 horas. Caso isso não seja possível, as sementes devem ser inoculadas novamente.
Fonte Embrapa
Liliane Castelões – jornalista (16.613 MTb/RJ)
Embrapa Cerrados
E-mail: liliane.casteloes@embrapa.br
Tel.: (61) 3388-9891
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