sábado, 8 de junho de 2013

Produtores têm nova cultivar de forrageira para o período seco

Dalizia Aguiar
Ações do documentDalizia Aguiar
 Produtores têm nova cultivar de forrageira para o período seco
A Embrapa Gado de Corte – Unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - Embrapa, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) realizou um dia de campo para apresentar a mais nova tecnologia desenvolvida pela Empresa e parceiros, a cultivar de Brachiaria brizantha, BRS Paiaguás.
Fruto de um longo trabalho, a cultivar Paiaguás é derivada de populações de Brachiaria brizantha, importada da África. É o primeiro capim selecionado para os sistemas de produção integrados, especialmente, na modalidade lavoura-pecuária, sendo de fácil utilização com milho safrinha e uma boa alternativa na entressafra da soja. Critérios como produtividade, vigor e produção de sementes foram destacados no processo de seleção que deu origem a cultivar.
Segundo a coordenadora do programa de melhoramento genético vegetal da Empresa, Cacilda Borges do Valle, a nova cultivar foi desenvolvida para preencher uma antiga carência da pecuária de corte - a perda de peso do gado no inverno quando a disponibilidade de folhas no pasto diminui. “A Paiaguás veio para atender o problema do “boi sanfona”, situação que há muito tempo prejudica o produtor. No inverno, com a redução de folhas e, consequentemente, do valor nutritivo do pasto, o gado tende a perder peso”, comenta Cacilda.
A BRS Paiaguás também revelou ser uma excelente opção para a diversificação de pastagens em solos de média fertilidade no bioma Cerrado. Além de proporcionar desempenho animal no período seco superior às cultivares de B. brizantha disponíveis, ela também se destaca pela elevada produção de folhas, vigor, cobertura do solo, distribuição e produção ao longo do ano, sobretudo no inverno.
Em campo, explica a pesquisadora Valéria Pacheco, a grande vantagem da Paiaguás quando comparada a outras cultivares em uso - Piatã, Marandu e Xaraés - é que melhor minimizou o problema da alimentação do gado no período seco. Enquanto as demais sofrem com a falta de água, a Paiaguás apresenta maior acúmulo de forragem com alto teor de folhas e bom valor nutritivo nesse período.
Vale ressaltar que a Paiaguás é suscetível a pragas como a cigarrinha-das-pastagens. Os resultados dos testes revelam que ela sofre dano moderado sob a cigarrinha Notozulia entreriana e dano severo sob ataque da cigarrinha Mahanarva Fimbriota, por isso não é recomentado o uso da cultivar BRS Paiaguás em áreas com histórico de alta infestação de cigarrinhas.
Pesquisa
Para que uma cultivar chegue ao produtor é preciso em média 10 anos de pesquisa. Esse processo envolve mais de 30 pesquisadores de diferentes especialidades ao longo de cinco etapas. São três anos de experimentos iniciais de canteiro, dois anos de ensaios regionais, fase na qual a cultivar é testada em outras áreas do país. E por último a etapa de manejo e desempenho animal realizada em dois momentos: avaliação efeito do animal sob o pasto e avaliação da forrageira sob o animal.
Homenagem
Mantendo a tradição de homenagear os povos indígenas que compõe o imaginário da cultura regional do Centro-Oeste, a Unidade Gado de Corte resgata desta vez a memória da etnia Paiaguás, os índios canoeiros do rio Paraguai.
A história da tribo Paiaguás é marcada pela bravura de um povo que resistiu as monções. Para quem não se recorda durante os séculos XVII e XVIII, Portugal promoveu expedições fluviais partindo da cidade de Porto Feliz, na capitania de São Paulo, com a tarefa de colonizar, identificar, proteger e abastecer as parcelas ocidentais da América portuguesa. Essas expedições foram denominadas de monções, e caracterizam o processo de ocupação colonial da região central da América do Sul, a região que hoje conhecemos como Centro-Oeste.
Como os Paiaguás a nova cultivar da Embrapa tem valentia. Cresce e se desenvolve em tempos desfavoráveis, onde a escassez de chuva é uma dura realidade para o campo. A BRS Paiaguás floresce na adversidade, é sinônimo de persistência, assim como os próprios Paiaguás que lutaram contra as moções.


Dalízia Aguiar (DRT/MS 28/03/14), jornalista
Embrapa Gado de Corte
Colaboração: João Costa JR (DRT/MS 619).
Bolsista - Embrapa
joaocosta.junior@colaborador.embrapa.br
dalizia.aguiar@embrapa.br
Telefone: +55 67 3368-2144 / + 55 67 3368-2150

Fonte: Embrapa

Nenhum comentário:

Postar um comentário